01/08/2014 - 20:00
Em 2006, o jovem Thaylan Toth era um dos 21 escolhidos entre 28 mil candidatos a uma vaga de trainee na Ambev. Logo na segunda semana de trabalho Toth recebeu uma lição para o resto da vida. Durante visita a uma das fábricas, acompanhado da gerente de RH da unidade, aproveitou um momento em que ficou sozinho com o diretor e disse que a gerente “era mais ou menos”, ou seja, não estava à altura do cargo. O diretor, claro, conversou com a moça que foi tirar satisfação com o trainee. “Ela me chamou de leviano e estava certíssima.
Eu havia passado apenas algumas horas com ela e, além do mais, não era minha função avaliá-la”, afirma. Atualmente, Toth, que tem mestrado em psicologia organizacional pela Universidade de Columbia, é gerente de desenvolvimento da Fundação Estudar, uma ONG que oferece bolsas de estudo e foi criada há 20 anos pelo trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Segundo ele, que trabalhou durante quatro anos na Ambev, um dos grandes desafios do trainee no início é não sucumbir às pressões tanto dos colegas como dos chefes. “Todo mundo quer mostrar a que veio e, muitas vezes, acaba metendo os pés pelas mãos”, diz.
O primeiro mês de trabalho é o momento em que o trainee começa a ser avaliado por seus novos chefes e pelo resto da equipe. Apesar de algumas gafes serem compreensíveis e perdoáveis, há atitudes que podem colocar tudo a perder. Segundo Patrícia Gil Martins Batalha, gerente sênior de Recursos Humanos da DHL, o trainee não pode ter um comportamento de quem sabe tudo, ele precisa se colocar em uma posição de humildade, estabelecendo parcerias e conexões que serão importantes para a sua carreira. “Outro ponto que seria um erro é o trainee achar que não pode perguntar.
As grandes contribuições que os trainees trazem se baseiam na curiosidade ao questionar o status quo”, afirma Patrícia. A falta de autenticidade é considerada uma falha; coloca em dúvida os verdadeiros talentos e valores da pessoa. “A principal recomendação é para que o candidato seja ele mesmo e busque a solução de forma rápida e eficaz diante da problemática que lhe é apresentada”, diz Sônia Romeiro, gerente sênior da área de RH da Deloitte. Na opinião de Denise Casagrande, diretora de Desenvolvimento de Pessoas da Gerdau, ao ingressar na empresa, o jovem deve buscar conhecer a organização ao máximo, perguntar e ouvir muito, entender as estratégias, as metas e os projetos.
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