08/05/2002 - 7:00
O conflito sem fim no Oriente Médio transformou a Bolsa de Valores de Tel-Aviv, capital de Israel, num território de alto risco. Além de todo o drama humano envolvido na guerra, os negócios também foram afetados. Desde que Ariel Sharon pisou, no final de 2000, na área da mesquita de Al-Quds, terreno sagrado para os árabes, a Bolsa de Tel-Aviv caiu 34%. A queda do índice TA-100, que mede o desempenho das ações de Tel-Aviv, reflete a retração econômica provocada pela guerra. Israel enfrenta a pior recessão desde sua fundação, há cerca de 50 anos.
O custo da recente ofensiva militar tornou a recuperação do mercado israelense ainda mais difícil. Com os gastos bélicos da invasão das cidades palestinas, o orçamento público estourou. Sem dinheiro em caixa, o governo terá de cortar gastos e aumentar impostos. No ano passado, a economia caiu 0,6%. Previa-se que em 2002 o PIB ficaria estagnado, mas agora, com o aperto nos gastos, já se fala numa queda de 1%.
A Bolsa de Valores de Tel-Aviv também enfrenta problemas em outro front. Na década de 90, a economia israelense cresceu rapidamente, baseada em empresas de alta tecnologia. Era o tipo de investimento considerado mais apropriado para um país com território mínimo, poucos recursos naturais e com uma população com alto nível educacional. O estouro da bolha da Nasdaq, a bolsa de tecnologia americana, afetou os resultados das companhias pontocom israelenses numa intensidade comparável à da guerra.
Apesar dos atentados dos homens-bomba a Israel e da invasão das cidades palestinas, as companhias de internet continuam trabalhando normalmente, investindo em pesquisa e novos produtos. Algumas têm até cronograma para liberar seus empregados para servir o exército. Seu maior problema não é o conflito, mas a desilusão dos investidores em todo o mundo com as empresas de tecnologia. As ações da Elron Electronic Industries Limited, fabricante de softwares e semi-condutores, por exemplo, caíram 70%, inclusive no mercado americano. Já os papéis da Formula Systems, consultoria de tecnologia, despencaram 74,2% no mesmo período. Para essas companhias, não basta a paz com os palestinos. É preciso também conseguir uma trégua com os investidores internacionais.