30/04/2021 - 18:01
O Ibovespa chegou ao fim da sessão, da semana e do mês abaixo dos 119 mil pontos, um nível acima do qual havia se sustentado nos fechamentos desde 13 de abril. Nesta sexta-feira, acentuou perdas perto do encerramento da sessão, com o dia negativo em Nova York favorecendo realização de lucros em fim de período, o que limitou os ganhos do mês a 1,94%.
Em boa parte do dia, o índice da B3 havia se mantido em faixa estreita, de cerca de mil pontos entre a mínima e a máxima. Ao final, mostrava perda de 0,98%, aos 118.893,84 pontos, na mínima do dia, saindo de máxima na sessão a 120.124,61 pontos, com giro financeiro mais forte, a R$ 41,8 bilhões nesta sexta-feira.
Assim, o Ibovespa emendou a segunda perda diária, agora no menor nível desde 12 de abril, então aos 118.811,74 pontos. Na semana, a perda de 1,36% sucede ajuste negativo de 0,48% na anterior, que havia interrompido série de três ganhos semanais. Na virada para a segunda quinzena de abril, o índice fez uma pausa no avanço que o havia tirado dos 115,2 mil pontos no primeiro fechamento do mês, no dia 1º, para a marca de 121,1 mil pontos no de 16 de abril, recuperando nível não visto desde janeiro. Desde então, nesta segunda quinzena, o índice permaneceu amarrado entre 119 mil e 120 mil pontos, testando os 121 mil nos melhores momentos – na quarta, a marca se sustentou no fechamento pela segunda vez no mês.
Após ganho de 6% em março, o Ibovespa com cautela estendeu a série positiva para abril, praticamente neutralizando as perdas de 4,37% em fevereiro e de 3,32% em janeiro. Apesar da firmeza vista acima dos 119 mil pontos – nível que vinha sendo preservado desde 14 de abril no intradia, data em que retomou o patamar de 120 mil no fechamento -, o índice não tem mostrado fôlego para seguir em direção à máxima histórica dos 125 mil, do fechamento de 8 de janeiro, tampouco parece inclinado a uma realização de lucros aguda, ainda atrasado no ano – nesta sexta retornou a terreno negativo em 2021, em baixa de 0,10%.
Com dólar à vista em queda de 3,49% ao longo de abril, o real foi destaque positivo em relação aos emergentes, observa Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest. “A gente entende que a melhora se deve à expectativa de avanço das reformas e de crescimento econômico para nossos principais parceiros, Estados Unidos e China. Considerando o cenário incerto da economia brasileira, não sei se teremos desempenho tão positivo nas próximas semanas. No ano, ainda estamos na lanterna, patinho feio entre os emergentes (no câmbio).”
Em abril, em dólar, o Ibovespa foi a 21.887,67 pontos, comparado a 20.721,62 no encerramento de março, quando o dólar havia acumulado alta de 0,41% e o Ibovespa, de 6% no mês. No fechamento de 2020, o índice da B3 em dólar estava em 22.937,77, vindo de 20.368,35 pontos no encerramento de novembro.
“Seguindo o movimento de correção das bolsas americanas e também dos contratos futuros de minério de ferro (-4%), o Ibovespa encerrou o mês abaixo dos 121 mil pontos, que será a principal resistência de curtíssimo prazo para maio”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, chamando atenção para as empresas ligadas às commodities metálicas (Vale ON -2,62% na sessão), “com os investidores receosos por investida do governo chinês em controlar preços e restringir a produção de aço”.
“Vale destacar também o desempenho aquém do esperado para o PMI industrial chinês”, acrescenta o analista. “Ainda é muito cedo para falar em desaceleração do forte ritmo visto no primeiro trimestre, mas, com os preços das commodities na máxima, qualquer dado abaixo do esperado motiva uma correção.”
Nesta sexta-feira, o setor de siderurgia, assim como Vale, esteve entre os destaques negativos do dia, com perdas de até 3,40% (Gerdau PN) na sessão. Na ponta positiva do índice, Pão de Açúcar subiu 4,30%, à frente de Raia Drogasil (+3,99%) e de Natura (+2,89%) no fechamento desta sexta-feira. Na face oposta, Braskem cedeu 6,90%, Azul, 4,21%, e CVC, 4,12%.