12/03/2025 - 7:30
Depois da reação do mercado financeiro na véspera, marcada pela forte queda das Bolsas americanas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça, 11, que “não vê nenhuma recessão nos EUA” e que a economia do país “vai bombar”.
Em uma entrevista à Fox News que foi ao ar no domingo, 9,, Trump havia se recusado a descartar a possibilidade de que suas políticas causariam uma recessão. Como reação, as Bolsas americanas recuaram até 4% na segunda-feira, diante de avaliações de desaceleração da economia americana por conta da guerra tarifária iniciada por Trump.
Estrategistas do Goldman Sachs chegaram a aumentar as chances de uma recessão nos EUA no próximo ano para 20%, citando “mudanças de política como o risco principal”. Ontem, as Bolsas americanas voltaram a fechar em baixa: a Nasdaq caiu 0,18%, enquanto o S&P 500 perdeu 0,76% e o Dow Jones retrocedeu 1,14%. No Brasil, o Ibovespa, principal referência da B3, recuou 0,81%.
Questionado sobre o mercado de ações, Trump minimizou as preocupações com a volatilidade de preços, afirmando que “a queda nas Bolsas não me preocupa, e algumas pessoas farão ótimos negócios”.
Tesla
As declarações foram dadas em um cenário insólito, em frente à Casa Branca, enquanto Trump comprava um carro da Tesla, empresa do aliado Elon Musk, que vem sendo alvo de campanhas de boicote por sua atuação no governo. Musk comanda o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), com a tarefa de aconselhar o presidente americano sobre onde cortar gastos públicos.
Cinco modelos da empresa foram colocados no jardim da Casa Branca. Trump escolheu um carro vermelho, Model S, que custa a partir de US$ 76 mil (cerca de R$ 440 mil). “Musk está fazendo um ótimo trabalho com a Tesla e com o Doge”, disse Trump, com o próprio Musk a seu lado. “Não fiz questão de pedir (desconto). Afinal, eu sou o presidente.”
Canadá
Ao longo do dia, Trump se envolveu em novo conflito com o governo do Canadá, depois que Ontário, a província mais populosa do Canadá, retaliou as ameaças econômicas do presidente dos EUA impondo uma tarifa de 25% sobre a energia que exporta para Michigan, Minnesota e Nova York.
Em reação, Trump afirmou que iria colocar em 50% a tarifa sobre importações de aço e alumínio do Canadá – o dobro da sobretaxa que, a partir de hoje, vai valer para os demais países. No fim do dia, porém, Ontário voltou atrás e o governo americano também retirou a ameaça da tarifa extra.
Já o conselheiro sênior para o comércio da Casa Branca, Peter Navarro, voltou a criticar políticas tarifárias de países como o Brasil e a Índia, que, segundo ele, impõem tarifas superiores a 100% sobre os produtos dos Estados Unidos. “Brasil e Índia têm tarifas de mais de 100% contra os EUA. Isso é trapaça, é se aproveitar dos EUA”, disse.
Em entrevista à CNBC, Navarro expressou perplexidade diante da queda constante das Bolsas de Valores desde a posse de Trump, questionando a falta de compreensão dos mercados sobre as mudanças econômicas em curso. “Não entendo como os mercados não conseguem ver que estamos em uma transição”, afirmou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.