Em primeira manifestação após tarifaço dos EUA, apoiadores do ex-presidente elogiaram sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro não participou por cumprir medida cautelar.Apoiadores de Jair Bolsonaro realizaram atos simultâneos em diferentes capitais brasileiras neste domingo (03/08). Os manifestantes carregaram faixas pedindo anistia aos condenados por atos golpistas – medida que beneficiaria o ex-presidente – e atacaram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Sob o mote “Reaja, Brasil”, esta foi a primeira manifestação organizada por apoiadores de Bolsonaro desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs sobretaxas a produtos brasileiros e sanções contra Alexandre de Moraes.

O ato foi convocado por aliados do ex-presidente, que buscam ampliar a pressão para que uma “anistia irrestrita” seja aprovada no Congresso. A resistência dos presidentes da Câmara e do Senado em pautarem a proposta levou o deputado federal Eduardo Bolsonaro a sugerir que ambos também poderiam ser sancionados por Trump.

Agradecimentos a Trump e bandeira americana

Em capitais como Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Belém e Rio de Janeiro, apoiadores exaltaram o presidente americano por acionar a Lei Magnitsky contra Moraes, que impede o ministro de realizar operações financeiras nos EUA. Os manifestantes também ergueram bandeiras dos EUA e de Israel, além de faixas com os dizeres “Brasil acima do STF”.

Na capital paulista, o evento ocupou cerca de três quadras da Avenida Paulista, participação reduzida em comparação a atos anteriores em defesa de Bolsonaro, como o de fevereiro de 2024.

Apoiador do ex-presidente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, não compareceu devido à realização de um procedimento médico na mesma data. Defensores mais ferrenhos de Bolsonaro criticam a postura do governador por evitar um posicionamento mais vocal pró-anistia.

Bolsonaro cumpre medida cautelar

Bolsonaro não pôde participar dos atos porque cumpre medida cautelar que o impede de sair de casa nos finais de semana. Também está proibido de fazer publicações em suas redes sociais ou nas de terceiros. Moraes determinou que o ex-presidente utilizasse tornozeleira eletrônica por suspeita de obstrução da Justiça, em razão de sua atuação e de Eduardo Bolsonaro para tentar frear a ação penal em que é réu no STF por tentativa de golpe de Estado.

Em vídeo obtido pela Folha de São Paulo, Bolsonaro aparece em casa acompanhando as manifestações pelo celular.

Michelle mira Lula em discurso

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi escalada para discursar na capital paraense, onde cumpria agenda partidária, e pediu fim da censura no Brasil.

“Uma diplomacia nanica, provocando os Estados Unidos, desrespeitando a autoridade do presidente Trump, dizendo que ele é um nazista, fascista e quer ser o dono do mundo. As consequências chegam”, afirmou, em referência aos embates entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano.

No Rio de Janeiro, o ex-presidente foi representado pelo senador Flávio Bolsonaro, que voltou a pedir o impeachment de Alexandre de Moraes.

Lula descarta desafiar EUA

Em convenção do PT, em Brasília, neste domingo, Lula descartou desafiar os EUA de forma prolongada.

“Tenho limite de briga com o governo americano. Não posso falar tudo o que eu acho que posso. Tenho que falar o que é possível”, disse.

“Eles são um país muito grande, o mais bélico, com mais tecnologia, a maior economia. Tudo isso é muito importante. Mas queremos ser respeitados pelo nosso tamanho”, continuou.

O presidente também argumentou que não abrirá mão de apoiar a construção de uma moeda alternativa ao dólar no comércio internacional. “Eu não preciso ficar subordinado ao dólar”, afirmou. Em julho, Trump chegou a ameaçar sancionar países do Brics pela proposta de contornar o dólar nas transações financeiras.

gq (Agência Brasil, OTS)