10/07/2025 - 8:37
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) reagiram à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar os produtos brasileiros em 50% com um misto de comemoração, acusações ao governo Lula e evasivas sobre os danos à economia.
Trump anunciou nesta quarta-feira, 9, a sobretaxa com início a partir de 1º de agosto. Ele justificou a decisão como resposta às ações contra Bolsonaro e as plataformas digitais no Supremo Tribunal Federal (STF). “O modo como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo, é uma desgraça internacional”, disse Trump. “Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”, escreveu.
Bolsonaro reagiu ao anúncio compartilhando uma publicação de seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-SP), desta terça-feira, 8, em que tratava do que chama de “tortura diária” contra seu pai. “A verdade precisa ser sempre lembrada, para que todos enxerguem que se trata de uma perseguição implacável, sem precedentes na história do Brasil”, disse. O ex-presidente não fez menções a eventuais prejuízos ao País.
A medida de Trump foi enaltecida por alguns bolsonaristas. O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) escreveu numa rede social: “Obrigado pelo apoio @realDonaldTrump nosso grande presidente @jairbolsonaro está sofrendo uma perseguição real por um regime comunista”. Giovani Cherini (PL-RS), por sua vez, disse que “A pressão internacional cresce diante dos abusos cometidos no Brasil”.
Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) rechaçou a decisão de Trump como um ataque à soberania do sistema de Justiça brasileiro, que tem autonomia para julgar cidadãos acusados de crimes. “As tarifas dos EUA são aplicadas sobre o importador e consumidor norte americano. Não é um ataque dos EUA sobre a nossa soberania, é os EUA se defendendo de governos que são seus inimigos”, afirmou. “Tarifas e Sanções são ruins para o Brasil mas é o tratamento padrão para os inimigos da liberdade”.
Presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, Filipe Barros (PL-PR) afirmou que “todos os que perseguiram a direita e todos os que se omitiram diante disso são culpados pela atual situação, que agora culmina em uma sanção internacional contra o nosso País”.
Entre aqueles que apontam o dedo para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como principal culpado pela decisão de Trump está Eduardo Bolsonaro (PL-SP), licenciado de seu mandato na Câmara para viver nos Estados Unidos, onde diz ter se esforçado para conseguir as sanções contra o STF.
“A brincadeira de Lula nos BRICS vai sair caro para todos os brasileiros. Algum empresário nacional ainda apoia Lula??? Como disse o Pres. @jairbolsonaro: vocês vão botar um pinguço para dirigir o País e acham que isso vai dar certo?”, escreveu nesta quarta-feira, 9, referindo-se ao encontro do bloco no Rio de Janeiro que causou incômodo no presidente americano. Os países membros, em sua declaração sobre a cúpula do Rio, se comprometeram a buscar medidas para negociar em moedas locais para fugir da influência do dólar e desenvolver um meio de pagamentos próprio.
Bolsonaristas encontraram nas críticas a Lula pelos possíveis efeitos negativos na economia a evasiva para não se contrapor à decisão de Trump. Não houve manifestações contundentes sobre o prejuízo para produtores e empresários brasileiros. O anúncio da tarde desta quarta fez disparar o dólar e a Bolsa de Valores cair.
Júlia Zanatta (PL-SC) afirmou que “o PT é uma arma de destruição em massa. Com Lula o imposto aumentou interna e externamente”. Para Eduardo Pazuello (PL-RJ), o “atual presidente jogou o país no precipício. E quem pagará essa conta é o povo brasileiro”. Já Gustavo Gayer tripudiou que “Lula lutou tanto por mais taxas que conseguiu junto com o STF uma taxa 50% para os próprios americanos”.
O deputado Delegado Caveira disse que “O Brasil pode ser novamente taxado pelos EUA por causa das atitudes do desgoverno Lula. Confrontar a maior democracia e economia do mundo é um erro grave que pode custar caro ao nosso país. O prejuízo será de todos os brasileiros”. E Rosana Valle (PL-SP) escreveu que o “governo Lula brinca com a democracia, agora o país paga a conta. Mais uma vez, quem sofre é o povo”.
Como o Estadão mostrou, a articulação de Eduardo Bolsonaro por sanções ao STF em sua estada em território americano tem apoio de uma espécie de “bancada anti-Moraes” no Congresso dos EUA. Deputados e senadores americanos têm embarcado na ofensiva contra a Suprema Corte do Brasil em meio a rodada de encontros com o deputado licenciado.
Uma das parlamentares mais simpáticas à missão de Eduardo, a deputada María Elvira Salazar (Flórida) reagiu à decisão de Trump e apelou que a Casa Branca aplique a Global Magnitsky (lei que permite ao governo americano impor sanções contra autoridades de outros países que violem direitos humanos) contra Alexandre de Moraes, o ministro do STF responsável pela ação que pode condenar Bolsonaro à prisão.
“Alexandre de Moraes é uma ameaça direta à liberdade política no Brasil e em todo o nosso hemisfério. Os Estados Unidos precisam agir agora: congelar seus bens, revogar seu visto e enviar uma mensagem clara e contundente: não toleraremos juízes autoritários perseguindo a oposição política e atacando a liberdade”, escreveu ela.