Presidente citou defesa da liberdade de expressão ao perdoar bolsonarista Daniel Silveira, condenado a 8 anos e 9 meses de prisão por ameaças às instituições. Decisão marca fim da trégua entre o mandatário e o Supremo.O presidente Jair Bolsonaro concedeu nesta quinta-feira (21/04) um indulto ao deputado Daniel Silveira, condenado pelo no dia anterior pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 8 anos e 9 meses de prisão por ameaças às instituições democráticas do país.

O decreto com o indulto, chamado de “graça constitucional”, foi publicado em edição extra do Diário Oficial.

Bolsonaro anunciou a medida em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, na qual afirmou que a que a liberdade de expressão é um “pilar essencial da sociedade em todas as suas manifestações”.

O presidente disse que “a graça de que trata esse decreto é incondicionada e será concedida independente do trânsito da sentença penal condenatória”.

“A sociedade encontra-se em legítima comoção diante da condenação de parlamentar resguardado pela inviolabilidade de opinião deferida pela Constituição que somente fez uso de sua liberdade de expressão”, declarou.

Nesta quarta-feira, Silveira foi condenado por 10 votos a um no STF a uma pena de oito anos e nove meses de prisão, com início em regime fechado, além da perda do mandato e dos direitos políticos.

Pressão da base bolsonarista

A pena foi sugeria pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, e apoiada pelos ministros Roberto Barroso, Dias Toffoli, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Luiz Fux.

O ministro André Mendonça também votou para condenar o parlamentar, mas sugeriu uma pena mais branda, de 2 anos e 4 meses, a serem cumpridos em regime inicialmente aberto.

Ele afirmou que a perda de mandato dependeria do Congresso Nacional e, portanto, não poderia ser imposta pelo STF.

Mendonça, indicado para o Supremo pelo próprio Bolsonaro, sofreu forte pressão da base bolsonarista depois de apoiar a prisão de Silveira. Políticos e apoiadores do presidente se disseram decepcionados com a postura do mais novo integrante da corte.

O ministro Kassio Nunes Marques, que também foi indicado para o STF pelo presidente, votou pela absolvição do deputado.

Fim da trégua

A decisão de conceder o indulto marca o fim de uma trégua entre o presidente e o STF. As tensões entre o Executivo e o Judiciário se agravaram com a participação de Bolsonaro em atos públicos contra o Supremo, realizados em setembro do ano passado.

Possíveis questionamentos do perdão a Silveira na Justiça poderão gerar novos conflitos entre os dois lados.

O STF, se acionado, poderá analisar a constitucionalidade do indulto concedido pelo presidente. Segundo especialistas, o perdão não pode ter o chamado “desvio de finalidade”, ou seja, a intenção de atender a objetivos pessoais.

rc (ots)