Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) -O presidente Jair Bolsonaro publicou nesta sexta-feira fotos nas redes sociais em que aparece conversando com ministros pelo celular e caminhando em um corredor do hospital em que está internado em São Paulo, junto com um texto em que o presidente afirma que logo retomará as atividades normais.

“Em breve, de volta a campo, se Deus quiser! Muito fizemos, mas ainda temos muito a fazer pelo nosso Brasil! Obrigado pelo apoio e orações. Um forte abraço a todos!”, escreveu Bolsonaro no Twitter junto com a publicação da foto em que aparece caminhando no hospital e arrastando um suporte hospitalar de bolsas ligadas a acessos no pescoço do presidente.

Em outra publicação, acompanhada de duas fotos do presidente sentado, conversando em chamadas de vídeo pelo celular, Bolsonaro afirma: “Via internet, seguimos fazendo o possível para manter os compromissos. Despachando com ministros”. Um dos ministros é o da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.

Boletim médico divulgado pelo hospital Vila Nova Star à noite informou que o presidente apresentou uma melhora no quadro de suboclusão intestinal e aceitou bem início da alimentação, mas segue em cuidados clínicos e sem previsão de alta.

“O Hospital Vila Nova Star informa que o senhor presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, continua evoluindo satisfatoriamente. Nesta tarde, o paciente passou por exame de tomografia computadorizada do abdômen, que evidenciou melhora do quadro de suboclusão. O presidente aceitou bem o início da alimentação. Segue em cuidados clínicos, sem previsão de alta hospitalar”, disse o boletim médico do hospital, localizado na zona sul da capital paulista.

Bolsonaro passará a terceira noite no hospital, onde chegou transferido na tarde de quarta-feira depois de dar entrada na madrugada do mesmo dia no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, por causa de fortes dores abdominais causadas por um quadro de obstrução intestinal.

Na quinta-feira, o presidente teve retirada uma sonda nasogástrica que estava usando e os médicos informaram que esperavam iniciar a alimentação de Bolsonaro nesta sexta.

Também na quinta, Bolsonaro disse em entrevista à RedeTV que uma cirurgia para desobstruir o intestino está afastada e que poderia ter alta hospitalar nesta sexta.

Nesta sexta, o quarto filho do presidente, Jair Renan, publicou uma foto em sua conta no Instagram ao lado da cama do pai, que está deitado no leito hospitalar.

Também nesta sexta, o ministro-chefe da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, publicou uma foto no Twitter em que aparece conversando com o presidente por chamada de vídeo no celular e diz ter despachado com Bolsonaro.

AGENDA CANCELADA

Devido à internação, Bolsonaro cancelou reunião que teria na quarta-feira com os chefes dos demais Poderes que visaria acalmar os ânimos, após o presidente fazer declarações recentes com ameaças à realização da eleição do ano que vem, quando ele deve tentar a reeleição.

Bolsonaro também cancelou sua ida a Manaus nesta sexta e a participação em um passeio de motocicleta na capital amazonense no sábado. Ele tem participado deste tipo de evento, batizados de motociatas, e geralmente sobe o tom de ataques contra adversários ao discursar a apoiadores nesses passeios.

Desde que tomou uma facada durante a campanha eleitoral para Presidência, em setembro de 2018, o presidente fez quatro cirurgias como consequência do atentado, incluindo uma realizada logo após o ataque e uma emergencial uma semana depois para corrigir aderências das paredes do intestino.

Em 2019, foram mais duas. Em janeiro, para retirada da bolsa de colostomia, e outra em setembro, para correção de uma hérnia na incisão da cirurgia. Recentemente, o próprio presidente afirmou que teria que fazer mais uma, para correção de uma nova hérnia, mas não chegou a marcar uma data.

Ministros afirmaram que a obstrução intestinal sofrida por Bolsonaro também tem relação com o atentado que sofreu.

Bolsonaro passou por mais duas cirurgias sem relação com a facada. Uma delas, para retirar pedras nos rins. A outra, uma vasectomia.

(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello, em BrasíliaEdição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)

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