14/04/2022 - 20:29
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que as eleições na França, realizadas em cédulas de papel no domingo, são um exemplo para o Brasil.
Ferrenho defensor do voto impresso –o que lhe rendeu uma crise institucional com o Judiciário–, Bolsonaro reconheceu que as eleições deste ano ocorrerão por meio do sistema de urnas eletrônicas, mas não deixou de repetir o discurso que coloca em dúvida a inviolabilidade das urnas.
“Tivemos há poucos dias eleições na França… Parabéns à França”, disse o presidente na tradicional live transmitida nas redes sociais.
“O pessoal votando no papel. A França, um país muito mais desenvolvido que nós, e votando no papel. Que exemplo para os brasileiros”, opinou.
“Aqui tem um pessoal que fala: ‘não, meu sistema é inviolável’. Mas quando o Exército apresenta sugestões para aperfeiçoar o sistema –pelo que eu seu não tem o voto impresso– o pessoal até carimba (como) confidencial. Diz que não se pode demonstrar o que está ali porque algum hacker pode entrar. Então a urna não é inviolável”, acrescentou.
Ainda assim, o presidente manifestou otimismo em relação à colaboração entre o comando de defesa cibernética das Forças Armadas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições de outubro.
Bolsonaro disse ter certeza que “vamos chegar a um bom termo” e que “temos tudo para fazer umas eleições tranquilas, sem problemas”.
O presidente aproveitou ainda para divulgar algumas das sugestões oferecidas ao TSE pelas Forças Armadas, fazendo questão de ressaltar que a participação dos militares ocorre a convite da Justiça Eleitoral.
“Eu posso adiantar duas coisas que eu já ouvi dizer nessas poucas propostas das Forças Armadas. Uma, que os votos sejam totalizados nos respectivos Estados, ou seja, nos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais)”, disse Bolsonaro.
“E outra sugestão: os votos, quando são transmitidos para Brasília, vão para uma sala secreta… A contagem tem que ser pública, mas vai para dentro de uma sala secreta. Que continue indo para uma sala secreta pela proposta que estamos sabendo, não tem problema. Só que o mesmo canal que levar para uma sala secreta, vai levar para uma outra sala, aberta, onde estarão ali as Forças Armadas, a CGU (Controladoria Geral da União), a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), e mais umas dez entidades que foram convidadas pelo então presidente do TSE, o ministro Barroso.”