BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer nesta quinta-feira que o governo estuda elevar o valor médio do programa Bolsa Família para além dos 250 que estava sendo programado pela equipe econômica, e afirmou que o benefício com reajuste passaria a ser pago a partir de dezembro.

“Está sendo negociado para aumentar aí 50%. Até dezembro. Houve inflação sim. Alimento subiu no mundo todo e foi agravado pela pandemia do fique em casa”, disse o presidente a apoiadores depois de ser perguntado se realmente o benefício seria reajustado para 300 reais, como ele mesmo havia afirmado esta semana.

O valor médio pago hoje aos beneficiários do programa é de 190 reais mensais –existem variações de acordo com o tamanho da família e a idade das crianças. A equipe econômica já havia fechado as contas em um reajuste para 250 reais, em média –valor que poderia ser pago sem romper o teto de gastos e sem cortar outros programas, como exigia o presidente.

Na quarta à noite, em uma entrevista para um canal de tevê de Rondônia, Bolsonaro afirmou que era necessário aumentar esse valor e que queria 300 reais.

Os 50% de aumento em relação ao patamar atual, ditos nessa quinta pelo presidente, levariam a um valor um pouco menor, de 285 reais –um meio termo entre o previsto e o desejado por Bolsonaro.

A afirmação de quarta-feira pegou a equipe econômica de surpresa, de acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, porque todos os cálculos já estavam feitos para que se fizesse caber os 250 reais mensais no Orçamento, a serem pagos a partir de novembro.

Segundo essa mesma fonte, por enquanto não se sabe ainda de onde sairão os recursos para fazer o que o presidente quer, mas a proposta certamente virá do corte de outros programas existentes, já que não há como aumentar ainda mais as despesas sem ultrapassar o teto de gastos.

Mais tarde, em almoço com empresários no Rio de Janeiro, Bolsonaro voltou a falar em aumento de 50% e também no valor de 300 reais.

“Temos conversado com o Paulo Guedes e pessoal da nossa economia tem coração, e ele está propenso a conceder reajustes de 50% para bolsa família a partir do próximo ano”, disse Bolsonaro no Rio.

“Sabemos que em média é de 192 reais, é pequena e devemos passar para 300 reais, sabemos que é pequeno também, mas é uma ajuda para os que não têm como conseguir algo no mercado de trabalho“, acrescentou.

Após o almoço, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota), filho do presidente e que esteve no encontro, deu outro valor e falou numa possível mudança no nome do programa, além de sua abrangência, tema já discutido no ano passado no governo.

“O comando do presidente para o ministro (da Cidadania, João Roma) foi ampliar a base do Bolsa Família, ou seja atingir mais famílias e ampliar também o valor”, disse o senador.

“Se discute algo em torno de 270 reais aproximadamente. Isso tem que acontecer logo. Com a prorrogação por mais alguns meses do auxílio emergencial e na sequência um Bolsa Família mais robusto, que talvez mude de nome para Alimenta Brasil ou algo do tipo”, acrescentou.

Segundo o senador, um diferencial seria criar estímulos para que as pessoas deixem de depender desse auxílio, “ou seja investir em qualificação e na educação para que as pessoas possam caminhar com as próprias pernas“.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu, em Brasília, e Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)

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