Por Ricardo Brito e Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estuda reclassificar para endemia a pandemia de Covid-19 no Brasil.

“Em virtude da melhora do cenário epidemiológico…, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estuda rebaixar para ENDEMIA a atual situação da Covid-19 no Brasil”, disse ele, em postagem no Facebook.

O próprio ministro, mais tarde, confirmou a informação, acrescentando que a decisão será baseada em critérios técnicos e levará em conta todo o contexto da doença no país.

“Estamos perto de chegar a esse ponto”, disse Queiroga sobre o rebaixamento da condição de epidemia para endemia no país, sem, no entanto, definir uma data para essa decisão.

“Aqui no Brasil nós já temos a população com mais de 70% com a segunda dose, mais de 30% com a terceira dose de vacina. E enfrentamos bem a Delta, estamos enfrentando bem a Ômicron, já assistimos uma queda no número de casos, uma queda do número de óbitos. Nós esperamos que essa redução de casos e óbitos seja sustentável, que a incidência da doença realmente diminua”, argumentou o ministro.

“E aí é nesse contexto que se considera o rebaixamento do caráter de pandemia para endemia. Claro que isso é uma decisão técnica”, acrescentou, lembrando ainda que tem que ser levada em conta toda a questão regulatória e de legislação federal, estadual e municipal em vigor por conta da pandemia.

Queiroga informou ter se reunido na manhã desta quinta-feira com Bolsonaro para relatar conversas com autoridades de organizações multilaterais da área da saúde com quem teve a chance de se encontrar em viagem a Nova York. Segundo ele, apesar da disparidade da vacinação nos diversos países, já é possível observar melhora do cenário epidemiológico na América do Sul e Europa.

O ministro comentou ainda os possíveis impactos no período pós-Carnaval, em que apesar das restrições, houve festas e aglomerações. Queiroga não descarta que possa, por conta disso, haver um aumento de casos.

“O Carnaval não foi algo que o governo federal tenha estimulado, né, aglomerações e festas, etc, mas as pessoas já estão cansadas, dois anos dessa pandemia. Então se reúnem, às vezes flexibilizam cuidados, medidas não farmacológicas, então pode haver um aumento do número de casos. A gente espera que não aconteça isso.”

Na véspera, o Brasil atingiu a marca de 650 mil mortes por Covid, segundo o Ministério da Saúde, após o registro de mais 370 óbitos por coronavírus. O país também registrou na quarta-feira 30.995 novos casos de coronavírus, elevando para 28.842.160 o total de casos de Covid desde o início da pandemia.

A chegada da variante Ômicron do coronavírus trouxe uma nova onda de infecções ao país, mas o avanço da vacinação e a aparente menor letalidade da variante têm mantido o número de óbitos em patamares inferiores em relação ao pico da pandemia, quando o Brasil registrou mais de 3.000 mortes por dia.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) caracterizou como pandemia a emergência sanitária decorrente da Covid-19 em março de 2020.

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