Em visita a Londres para o funeral da rainha Elizabeth II, o presidente Jair Bolsonaro fez um comício improvisado neste domingo (18), que lhe rendeu críticas de seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a duas semanas do primeiro turno das eleições presidenciais.

O presidente brasileiro chegou pela manhã à capital britânica, onde foi recebido por dezenas de pessoas, algumas com bandeiras do Brasil, às portas da residência do embaixador brasileiro, segundo vídeos difundidos nas redes sociais.

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“Todo respeito pela família da rainha e pelo povo do Reino Unido”, disse em suas primeiras palavras no balcão da residência do embaixador, enquanto saudava, com os braços para o alto, a multidão, que o cumprimentava aos gritos de “Mito!”.

Mas em seguida, o presidente e candidato do Partido Liberal (PL) à reeleição em outubro improvisou um comício, pois, em seu entender, a manifestação das pessoas ali reunidas “representa o que realmente acontece no Brasil”, em um momento em que “temos que decidir o futuro da nossa nação”.

“Sabemos quem é (sic) do outro lado e o que eles querem implantar no nosso Brasil”, prosseguiu Bolsonaro, de 65 anos, para quem o Brasil “não quer discutir liberação de drogas, legalizar o aborto”, nem tampouco “aceita a ideologia de gênero”.

“O nosso lema é Deus, pátria, família e liberdade. Esse é o sentimento da grande maioria do povo brasileiro”, disse no balcão, onde tremulava a bandeira brasileira, provocando gritos e aplausos dos presentes.

Suas palavras geraram críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal adversário nas eleições presidenciais, que criticou que Bolsonaro tenha feito a viagem “para fazer campanha” e “falar mal dos outros”.

“Em vez de Bolsonaro ir para o velório da rainha, seria mais louvável se ele tivesse visitado familiares e órfãos das vítimas da COVID-19, se ele tivesse comprado as vacinas no tempo certo”, tuitou o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT).

A duas semanas do primeiro turno, Lula tem 45% das intenções de voto frente a 33% para Bolsonaro, segundo última pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada na quinta-feira.

– “Pesar” e “reconhecimento” –

Jair Bolsonaro é um dos poucos líderes da América Latina e do Caribe a confirmar presença no funeral de Elizabeth II, na segunda-feira. A soberana faleceu em 8 de setembro após sete décadas no trono. Dirigentes de todo o mundo comparecerão ao serviço fúnebre.

Neste domingo, o presidente e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ambos vestindo preto, foram à capela ardente da soberana no Westminster Hall, por onde também passaram o americano, Joe Biden, e o francês, Emmanuel Macron, acompanhados de suas esposas.

“No Brasil, temos forte em nossa lembrança ainda sua passagem por lá, em 1968. Por tudo que ela representou para o seu país e para o mundo”, tuitou Bolsonaro, após assinar o livro de condolências na Lancaster House.

Em seguida, o casal presidencial participou de uma recepção no Palácio de Buckingham, oferecida pelo novo rei Charles III, na véspera do funeral de Estado, que será celebrado na Abadia de Westminster a partir das 11h locais (07h de Brasília).

Segundo sua agenda oficial, Bolsonaro deixará Londres na tarde de segunda-feira com destino a Nova York, onde tem previsto discursar na Assembleia Geral da ONU no dia seguinte.