17/09/2021 - 12:48
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro parte para Nova York no próximo domingo, onde participa da abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas, e, por decisão da direção-geral da Organização das Nações Unidas, poderá participar mesmo sem ter tomado a vacina contra Covid-19.
Depois de alguns dias de dúvida se a entidade iria adotar os critérios da cidade de Nova York –que exige comprovante de vacinação para circulação em espaços públicos fechados–, a ONU informou às comitivas que não irá cobrar comprovantes de vacinação dos chefes de Estado presentes à Assembleia-Geral.
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De acordo com uma fonte que integrará a comitiva presidencial, Bolsonaro não terá problemas para comparecer à abertura, mas pretende levar, de qualquer forma, um teste PCR para mostrar que não tem a doença.
Crítico das vacinas, sobre as quais até hoje levanta dúvidas e diz, erroneamente, que são experimentais, Bolsonaro até agora não se vacinou. Em sua live, na noite de quinta-feira, o presidente deixou claro que não pretendia tomar a vacina antes de viajar.
“O que acontece, você toma vacina para quê? Para ter anticorpos. Não é isso? A minha taxa de anticorpos está lá em cima”, disse. “Estou bem, vou tomar a vacina, a CoronaVac, por exemplo, que não vai chegar a essa efetividade? Para quê que eu vou tomar? Todo mundo já tomou vacina no Brasil? Depois que todo mundo tomar vou decidir meu futuro aí.”
Já na cidade de Nova York, o presidente pode ter problemas para circular se não tiver ao menos o teste. Fora da jurisdição da prefeitura, a ONU pode deixar de cobrar os comprovantes de vacinação, mas o governo local mantém a exigência do passaporte sanitário –vacinação ou teste PCR– para acesso a bares, lojas e restaurantes.
Bolsonaro chega domingo a Nova York e, como é tradição, faz o primeiro discurso de chefe de Estado na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas, na terça-feira. Na segunda-feira, de acordo com uma fonte com conhecimento do assunto, o presidente terá reuniões bilaterais com outros chefes de governo.
No entanto, por enquanto está marcada apenas uma reunião com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. A previsão é que retorne ao Brasil ainda na manhã de terça-feira, logo depois de discursar na Assembleia-Geral.
Em seu pronunciamento, o presidente deve abordar questões como meio ambiente e produção agrícola. Em discurso nesta sexta-feira, afirmou que irá levar à ONU “verdades” sobre o que é o Brasil e o que o país representa para o mundo.
Mais cedo, em conversa com apoiadores, Bolsonaro disse que não iria adiantar o conteúdo de seu discurso porque seria “distorcido pela imprensa”, mas já afirmou que tratará, em sua fala, do marco temporal para demarcação de terras indígenas, que está sob apreciação do Supremo Tribunal Federal.
“O que eu devo falar lá (na ONU)? Algo nessa linha: se o marco temporal for derrubado, se tivermos que demarcar novas terras indígenas –hoje em dia temos aproximadamente 13% do território nacional demarcado como terra indígena já consolidada– caso tenha-se que levar em conta um novo marco temporal, essa área vai dobrar”, disse em sua live, levando de novo a informação, não comprovada, de que isso teria impacto na segurança alimentar no Brasil e no mundo.
Bolsonaro levará a Nova York uma comitiva de 15 pessoas, incluindo 8 ministros, seu filho Eduardo e a primeira-dama, Michelle.
Estão na comitiva os ministros das Relações Exteriores, Carlos Alberto França; da Justiça, Anderson Torres; da Economia, Paulo Guedes; da Saúde, Marcelo Queiroga; do Meio Ambiente, Joaquim Leite; do Turismo, Gilson Machado; da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.
Fazem parte ainda do grupo o almirante Flávio Rocha, secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, além do advogado Rodrigo Mudrovitsch.
Ligado ao ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, para quem já advogou, Mudrovitsch foi indicado pelo governo brasileiro para concorrer a uma das vagas de juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos. O nome chegou ao presidente pelo seu filho Eduardo.