Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro negou sugestão do ex-presidente Michel Temer nesta sexta-feira que revogasse decreto de perdão ao deputado aliado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes contra instituições democráticas.

Em seu perfil do Twitter, Bolsonaro publicou apenas um “Não”, seguido de um símbolo de uma mão fazendo gesto positivo com o polegar, e citando reportagem da CNN que relata a sugestão de Temer.

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O ex-presidente divulgou nota à imprensa em que argumenta que, como a decisão contra Daniel Silveira nem sequer transitou em julgado, o “ideal” seria a revogação, por enquanto, do decreto de perdão, de forma a evitar “uma crise institucional”.

Temer defendeu também que entre a revogação e o trânsito em julgado poderia “haver diálogo entre os Poderes”.

Daniel Silveira foi condenado foi condenado na quarta-feira pelo STF à pena de 8 anos e 9 meses de reclusão, em regime inicial fechado, além de multa e perda do mandato parlamentar, pelos crimes de coação no curso do processo e atentado ao ​Estado Democrático de Direito, ao proferir discursos de incentivo à violência com ataques à Justiça e a ministros da corte.

A denúncia contra o deputado citava vídeos postados pelo parlamentar em que constam “ameaças e impropérios dirigidos aos ministros do Supremo, mas também uma incitação à animosidade entre as Forças Armadas e o tribunal”.

Um dia depois do julgamento, no entanto, Bolsonaro anunciou decreto concedendo perdão ao parlamentar por meio de uma “graça constitucional”.

O ato do presidente gerou uma forte reação no meio político. Ao menos três partidos de oposição –Rede Sustentabilidade, PDT e Cidadania– já entraram com ações no Supremo contra o perdão.

Além disso, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o PSOL apresentaram projetos de decreto legislativo (PDL) para sustar o decreto presidencial.

“SIMBOLISMO”

Mais cedo nesta sexta-feira, em cerimônia de homenagem aos 522 anos de chegada dos portugueses ao Brasil, Bolsonaro afirmou, sem fazer uma referência direta, que a concessão de perdão ao deputado aliado teve o simbolismo de garantir o que ele e aliados consideram liberdade de expressão, tese rejeitada por 10 dos 11 ministros do Supremo.

“Ontem foi um dia importante para o nosso país”, disse o presidente.

“Não pela pessoa que estava em jogo ou por quem foi protagonista deste episódio, mas o simbolismo de que nós temos mais que o direito, nós temos a garantia da nossa liberdade”, acrescentou.

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