(Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu nesta terça-feira a seus apoiadores que permaneçam na região das seções eleitorais até o fim da apuração depois de votarem no segundo turno da eleição presidencial, no qual o candidato à reeleição enfrenta o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e disse desconfiar da totalização dos votos.

“No próximo dia 30, de verde e amarelo, vamos votar, e mais do que isso, vamos permanecer na região da seção eleitoral até a apuração do resultado”, disse Bolsonaro em discurso a apoiadores em Pelotas (RS).

“Tenho certeza que o resultado será aquele que todos nós esperamos, até porque o outro lado não consegue reunir ninguém. Todos nós desconfiamos. Como pode aquele cara ter tantos votos se o povo não está ao lado dele?”, acrescentou o presidente, que ficou em segundo lugar no primeiro turno da disputa presidencial com 43,20% dos votos válidos, atrás de Lula, que teve 48,43%.

Bolsonaro fez diversos ataques às urnas eletrônicas e ao comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) antes do primeiro turno, e chegou a indicar que não aceitaria uma eventual derrota no pleito caso considerasse que as eleições não foram limpas.

No entanto, a campanha do candidato à reeleição tem orientado aliados e até mesmo a base bolsonarista a suspender os ataques às urnas, segundo duas fontes, em meio à cobrança do Tribunal de Contas da União (TCU) ao Ministério da Defesa sobre o relatório de fiscalização das urnas feito pelas Forças Armadas na primeira votação.

Na segunda-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) deu 15 dias para que a Defesa entregue ao TCU o seu relatório sobre as urnas, sob a alegação que as Forças Armadas eram uma das entidades fiscalizadoras do pleito e há interesse público na divulgação.

Mais cedo nesta terça, Bolsonaro negou que tenha recebido das Forças Armadas o relatório das urnas eletrônicas, depois de dizer que esperaria o resultado para se manifestar sobre a legitimidade do processo eleitoral.

“Quem falou que eu tinha recebido, que eu recebi o relatório?”, questionou Bolsonaro ao ser abordado sobre o tema por jornalistas, afirmando que isso seria “invenção da imprensa”.

Apesar dos ataques de Bolsonaro, em 26 anos de adoção das urnas eletrônicas desde a primeira eleição com o equipamento, em 1996, nunca houve um caso sequer comprovado de fraude no sistema de votação. Tanto o TSE quanto especialistas independentes asseguram a segurança do sistema eleitoral brasileiro.

(Reportagem de Ricardo Brito, em Brasília, e Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)

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