15/02/2020 - 10:12
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), criticou a decisão do presidente Jair Bolsonaro, de excluir os governadores da região amazônica do Conselho Nacional da Amazônia Legal, anunciada pelo governo para tratar de temas ligados à região.
O conselho anunciado nesta semana por Bolsonaro será liderado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que disse ter ver uma oportunidade para instituir “uma verdadeira política de Estado para a região”.
Não é o que pensa o governador do Pará, que disse ter sabido da decisão do governo sobre o conselho por meio da imprensa. “Não consigo compreender qual a dificuldade do governo federal em contar com a participação dos Estados. Na hora que o governo se fecha, tudo fica mais difícil”, disse.
Bolsonaro deixou clara a sua avaliação sobre o assunto nesta quinta-feira, 13, ao reagir a uma crítica da organização Greenpeace, que chamou de “lixo”. “Se você quiser que eu bote governadores, secretários de grandes cidades, vai ter 200 caras. Sabe o que vai resolver? Nada. Nada”, disse Bolsonaro.
Para Helder Barbalho, a decisão de retirar o conselho das mãos do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi acertada, porque coloca o tema sobre um patamar maior, ao ser comandado por Mourão. A restrição dos Estados, porém, diz ele, “é um equívoco”. “Não tem sentido algum, porque o governo federal perde força. É uma escolha dele e tem de respeitar, mas não precisamos concordar com isso”, comentou.
O líder do consórcio de governadores da Amazônia Legal, Waldez Goés (PDT), governador do Amapá, disse que a exclusão é um “retrocesso” e que a visão do governo caminha para ser ‘mais Brasília e menos Amazônia'”.
Mourão chegou a dizer que se tratava de uma posição pessoal de Waldez. Mas Barbalho não concorda. “A manifestação do Waldez não é isolada. Esse é o sentimento do grupo. Toda e qualquer ação nessa região precisa de diálogo local.”
Helder Barbalho disse ainda que os recursos do Fundo Amazônia, principal programa de apoio a ações de combate ao desmatamento na região, permanecem paralisados até hoje, por causa das acusações feitas por Ricardo Salles contra a gestão do fundo, no ano passado.