Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – No dia em que foi divulgado que a inflação oficial do país fechou o ano passado acima dos 10%, o presidente Jair Bolsonaro procurou se isentar de responsabilidade e culpou as políticas de restrições de circulação de pessoas adotadas durante a pandemia de coronavírus pela alta generalizada nos preços.

“Lembra do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois’? Vocês estão vendo a economia. O cara ficou em casa, apoiou e agora quer me culpar pela inflação”, disse Bolsonaro, em conversa com apoiadores divulgada nas redes sociais.

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Segundo o presidente, “o mundo todo” está com o problema da inflação.

Segundo dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2021 com alta de 10,06%, muito acima do limite de 5,25% da meta inflacionária estabelecida pelo Banco Central.

Ainda assim, na conversa com apoiadores, Bolsonaro disse considerar que o Brasil é um dos países que “menos está sofrendo na economia, apesar de ser duro para o povo… perdendo o poder aquisitivo”.

O resultado acumulado no ano passado foi o mais elevado desde 2015, quando o índice fechou a 10,67%. Também ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 9,97% e foi ainda muito superior à alta de 4,52% vista em 2020.

Em carta aberta enviada nesta terça ao ministro da Economia para justificar o descumprimento da meta de inflação em 2021, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o BC tem tomado as devidas providências para que o IPCA atinja as metas estabelecidas para 2022, 2023 e 2024.

Apesar de as projeções de mercado para este ano apontarem estouro do limite superior estabelecido, Campos Neto reforçou que o cumprimento da meta em 2022 segue no foco da autoridade monetária.

Para 2022, a meta de inflação é de 3,50%, com limite máximo de 5,00%. De acordo com o boletim Focus divulgado pelo BC, o mercado espera que a inflação ao consumidor medida pelo IPCA fique em 5,03% neste ano, ligeiramente acima do teto do intervalo de tolerância.

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