06/09/2019 - 12:30
Adriana de Souza Luna, de 43 anos, acorda às 5h40 da manhã. Ela sai do bairro de Heliópolis e pega duas conduções para chegar até Cidade Ademar – onde trabalha como cozinheira de uma unidade do Bom Prato (programa do governo do Estado que oferece refeições a R$ 1). “Faço esse caminho todo muito feliz porque estou trabalhando para atender um público carente, formado, às vezes, por moradores de rua e até usuários de droga, gente que também merece ser tratada com dignidade.”
Outro cozinheiro, Marivaldo Dias, de 43 anos, trabalha no Bom Prato do Brás. Mesmo com a habilidade no manejo de facas e outros utensílios, ele está perdendo a visão do olho direito e aguarda na fila para um transplante de córnea. “É que eu cozinho com habilidade e alegria. Toda vez que percebo o salão cheio, me lembro do tempo em que cozinhava para meus irmãos mais novos, tenho 12.”
Adriana e Marivaldo estavam entre os 40 cozinheiros do Bom Prato que passaram por um workshop no restaurante Capim Santo, com a chef de cozinha Morena Leite. O objetivo do encontro foi a criação de dois pratos para o SP Gastronomia, evento que será realizado em outubro. No dia 16 de outubro, as 57 unidades do Bom Prato oferecerão um cardápio especial, elaborado pela chef.
No curso, os cozinheiros do litoral aprenderam a elaborar um prato à base de peixe azul-marinho, que será servido acompanhado com salada de repolho com coco e vinagrete de tomate, além de cuscuz de tapioca. Já os da capital e da Grande São Paulo fizeram um prato de carne-seca acebolada com abóbora.
Na aula, cozinheiros do Bom Prato dividiram experiências e procedimentos de trabalho. “Eu já tive um restaurante de refeições por quilo no bairro da Mooca. Tive muitas dificuldades financeiras, mas também aprendi muito”, disse Maria de Lourdes Matos, de 66 anos.
Para a chef Morena Leite, o fundamental não é como o cozinheiro prepara as refeições. “Trabalho muito com o comportamental. A mão do cozinheiro é o seu coração. A técnica também nasce do coração. E esses cozinheiros com experiências e culturas tão diferentes colocam muita alma e coração no trabalho deles”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.