09/03/2018 - 11:54
Um pequeno grupo de extremistas islâmicos foi evacuado na noite de sexta-feira (9) de Ghuta Oriental, reduto rebelde perto de Damasco, onde foi distribuída ajuda humanitária aos moradores sitiados nesta região bombardeada pelo regime sírio.
Esta primeira evacuação de Ghuta só abrangeria 13 combatentes e suas famílias, segundo a TV estatal síria e uma ONG.
Bashar al Assad lançou em 18 de fevereiro uma ofensiva no reduto rebelde, o último da periferia de Damasco.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) informou que os 13 jihadistas são do Hayat Tahrir al Sham, que respondia antes à rede Al Qaeda, assim como suas famílias.
O poderoso grupo rebelde Jaish al Islam, presente em Ghuta, tinha anunciado antes que um primeiro grupo de jihadistas deixaria o reduto rebelde em direção a Idlib (noroeste), última província do país que Bashar al Assad não controla totalmente.
Estes combatentes saíram, segundo a agência de notícias síria Sana, por um dos três corredores que o regime de Damasco dispôs para evacuar civis e combatentes, mas também para levar ajuda humanitária ao enclave.
A TV pública síria filmou ao vivo combatentes a bordo de um ônibus, alguns muito jovens.
A evacuação ocorre depois de quase três semanas de bombardeios do regime e do seu aliado russo, que deixaram, segundo o OSDH, 950 vítimas civis. As forças de Damasco reconquistaram mais da metade do enclave rebelde.
– Distribuição de ajuda –
Às vésperas de o conflito na Síria completar oito anos, em 15 de março, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, afirmou na sexta-feira que está ocorrendo “uma tragédia humana de dimensões colossais” no país, onde mais de 340.000 pessoas morreram e milhões tiveram que abandonar suas casas.
No final de fevereiro o Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução que pede um cessar-fogo de 30 dias em toda a Síria.
Os principais grupos rebeldes na Ghuta haviam anunciado que aceitavam “expulsar” os jihadistas que antes respondiam à Al Qaeda deste reduto rebelde.
Referindo-se a “consultas com as Nações Unidas e as partes internacionais”, o Jaish al Islam assegurou na sexta-feira que o primeiro grupo a sair de Ghuta era composto de jihadistas que estavam sob seu controle.
Durante o dia, um comboio de 13 caminhões que transportavam alimentos entrou no setor para distribuir a ajuda que desde a segunda-feira estava bloqueada, informou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CIRV).
Esta ajuda foi distribuída em Duma apesar dos bombardeios nesta cidade, a principal da região, e os helicópteros do regime que sobrevoavam a área, segundo um correspondente da AFP no local.
Uns 400.000 civis vivem sitiados desde 2013, sofrendo escassez de alimentos e medicamentos.
É a segunda entrega desde que a ofensiva começou. Há mais de uma semana, a Rússia decretou uma trégua diária de cinco horas.
Na sexta-feira, os bombardeios no enclave mataram 15 civis, segundo o OSDH.
A organização Médicos sem Fronteiras (MSF) pediu a entrada sem obstáculos de material médico no reduto rebelde, denunciando uma “terrível catástrofe médica”.
“O material médico é extremamente limitado, as infraestruturas médicas foram atingidas pelos bombardeios e por disparos de artilharia, e o pessoal médico está no limite de suas forças”.
A ajuda militar da Rússia permitiu às forças de Assad somar vitórias perante os rebeldes e os extremistas e retomar o controle de mais da metade do território sírio.