10/02/2025 - 20:43
A empresa de produtos de limpeza e higiene doméstica Bombril, popularmente conhecida por sua esponja de aço, informou nesta segunda-feira que, em conjunto com outras sociedades do Grupo Bombril, entrou com pedido de recuperação judicial.
Em fato relevante ao mercado, a Bombril disse que a empresa possui “contingências tributárias relevantes”, especialmente as relacionadas a autuações da Receita Federal por suposta falta de recolhimento de tributos no valor de cerca de R$2,3 bilhões.
Esses tributos teriam incidido sobre operações de aquisição de títulos de dívida estrangeiros realizadas entre 1998 e 2001 pela companhia e por veículo do grupo empresarial italiano Cragnotti & Partners, na época controlador da Bombril, de acordo com a empresa.
A Bombril disse no comunicado que sua diretoria reavaliou as chances de perda nos processos judiciais e discutiu alternativas para lidar com a questão.
Segundo a empresa, o risco de perder esses processos representa uma “ameaça aos bons resultados contábeis que vêm sendo obtidos pela Bombril, expondo a companhia a riscos considerados elevados, relacionados à reavaliação da sua capacidade de adimplência por parte de fornecedores e financiadores e, no limite, à descontinuidade de determinadas relações comerciais e vencimento antecipado de dívidas”.
A Bombril acrescenta que a apresentação do pedido de recuperação judicial visa conduzir negociações para adequação de sua estrutura de endividamento, garantir a manutenção operacional das atividades da companhia e proteger seu caixa.
“Com a recuperação judicial, a companhia será capaz de manter a sua capacidade operacional e reestruturar adequadamente seu passivo, por meio de um processo célere e com o menor impacto possível aos direitos dos credores e às atividades operacionais”, disse a empresa.
Rafael Santana Coelho, sócio do escritório Paschoini Advogados e especialista em recuperação judicial, comenta que apesar dos resultados positivos recentes, a Companhia enfrenta um passivo tributário bilionário que, se não contingenciado, pode comprometer suas operações.
“Embora o crédito tributário não se enquadre nos efeitos da recuperação, o ente fiscal tem oferecido programas de parcelamento para empresas em crise, permitindo a regularização fiscal sem prejudicar as operações. Além disso, a empresa enfrenta dificuldades devido ao acesso restrito e oneroso ao crédito”, explica.
“O processo de Recuperação Judicial busca reorganizar suas finanças e preservar as operações, dependendo da aprovação do plano pelos credores e da implementação eficaz das medidas para a recuperação”, completa.