Nesta semana, na Abertura do ano Legislativo, parte da oposição ao atual governo – simpatizantes do governo Bolsonaro – usaram um boné com os dizeres ‘Comida barata novamente. Bolsonaro 2026’, protagonizando um duelo com apoiadores do governo que exibiam um boné escrito ‘O Brasil é dos brasileiros’.

A crítica dos bolsonaristas se dá por conta da alta dos preços dos alimentos, dado que no acumulado de 2024 a inflação de alimentos ficou em 7,69%, acima da inflação oficial do país que fechou o ano 4,83%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Entre os itens que ficaram mais caros, destaque para as altas das carnes (20,8%) e do café moído (39,6%).

E no governo Bolsonaro, qual foi a alta nos preços dos alimentos?

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Governo Lula x governo Bolsonaro

Durante o governo governo Bolsonaro, a inflação dos alimentos superou o IPCA em três dos quatro anos de mandato – com exceção de 2019.

Em 2020, ano do início da pandemia, os alimentos e bebidas dispararam 14%. Em 2021 e 2022, a inflação de alimentos também superou os 7% e 11%, respectivamente. Veja gráfico abaixo:

IPCA; governos; governo; lula; bolsonaro; inflação; alimentos; alimentos e bebidas

Em 2024, a inflação dos alimentos superou os 7%. Mas no primeiro ano de mandato do Governo Lula 3 em 2023, a variação de 1,03% foi a menor desde 2017, quando houve uma deflação de 1,87% no grupo.

Vilões das inflação nos últimos anos

Nos últimos seis anos (período que contempla todo o governo Bolsonaro e o atual governo Lula), o grupo Alimentação e Bebidas do IPCA teve variações que estiveram atreladas a diferentes itens.

Em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, o preço das carnes foi o que puxou o subgrupo, impulsionado pela alta demanda interna e externa, especialmente da China, que enfrentava surtos de peste suína africana, reduzindo sua produção local e aumentando as importações do Brasil.

No ano seguinte, da pandemia, foi registrado um aumento significativo na demanda por itens básicos de alimentação, como arroz e óleo de soja – que foram os ‘vilões’ da inflação à época.

Nesse contexto, o subgrupo de cereais, leguminosas e oleaginosas, que inclui o arroz, apresentou uma variação de 60,4% no ano, enquanto óleo de soja registrou uma variação de 61,8%.

Em 2021, os preços das carnes continuaram em alta, mas por motivos diferentes. Nesse caso o aumento de preços esteve atrelado aos elevados custos de produção, como ração e energia, além de uma demanda externa aquecida.

No ano de 2022, último ano do governo Bolsonaro, as condições climáticas adversas – como geadas e secas – afetaram a produção de frutas e café, que foram justamente os itens que puxaram a variação do seu grupo.

Em 2023, o primeiro ano da atual administração, o grupo teve a menor variação de preço desde meados de 2017, com redução de 0,52% nos custos de alimentos a domicílio, com deflação de 28% nos preços do óleo de soja, 10% no frango em pedaços e 9,3% em carnes.

Em 2024, ano marcado por um ambiente macroecconômico mais turbulento – com dólar chegando a R$ 6 no último trimestre – os alimentos tiveram alta de 7,6%. As carnes e o café foram os principais responsáveis pela elevação de 7,69% no grupo Alimentação e Bebidas, que respondeu por pouco mais de um terço do IPCA de 4,83% registrada no período.

Entenda a guerra dos bonés

Antes dos bolsonaristas usarem o boné que critica a situação econômica do atual governo, apoiadores do atual governo estavam usando um boné azul com a frase ‘O Brasil é dos brasileiros’.

O fenômeno tem sido chamado de ‘guerra dos bonés e mobilizou desde ministros até o próprio presidente da República.

Lula postou foto em suas redes sociais utilizando o acessório.

O novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi às redes sociais dizer que, para ele, boné serve para proteger a cabeça do sol, não para resolver os problemas do país.

Segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a ideia partiu do novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), o marqueteiro Sidônio Palmeira. “Pedi para o Sidônio pensar uma frase, Sidônio mandou a frase. Foi um sucesso”, disse Padilha no sábado.

Na abertura do ano Legislativo deputados do PSOL e do PT estiveram com peças fabricadas em verde e amarelo, cor da bandeira do Brasil.

No lado da oposição, quem iniciou o movimento de reação foi o novo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ). O parlamentar fabricou 30 bonés em verde e amarelo com a frase ‘Comida barata novamente. Bolsonaro 2026’.

Além disso, outros apoiadores usaram bonés com ‘Nemcafé’ escrito, criticando a variação expressiva do preço do item em 2024 e fazendo uma paródia com o logotipo da Nescafé.

Lula diz que controlará inflação

O presidente da república disse nesta quarta-feira, 5, que o governo controlará a alta de preços e o custo de vida no país.

Ao comentar a disputa eleitoral do ano que vem, assegurou que vencerá novamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, se ele puder ser candidato.

Em entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais, Lula disse que o Executivo buscará maneiras para garantir que os produtos da cesta básica cheguem à casa dos brasileiros a preços compatíveis com a renda do trabalhador.

“Temos consciência que vamos baixar a inflação, temos consciência que vamos baixar o custo de vida e temos consciência que a cesta básica vai ficar mais acessível ao povo brasileiro, porque é disso que povo precisa: alimento barato, de qualidade, na mesa. O governo inteiro está trabalhando para isso.”

Lula ainda afirmou que a economia brasileira “está bem” e que o governo vai “cuidar com muito carinho” dos preços dos alimentos.

“A economia brasileira está bem, o Brasil está crescendo, o emprego está crescendo, a massa salarial está crescendo, as coisas estão acontecendo”, avaliou.