03/03/2023 - 19:27
Um sono saudável, com quantidade razoável de horas, sem interrupções e um efeito reparador capaz de fazer você se sentir revigorado pela manhã, pode ter um papel fundamental na saúde e garantir um bom funcionamento do coração, mas também pode ter um resultado ainda mais surpreendente: estender a sua vida em quase cinco anos.
É o que conclui um estudo científico realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Harvard e apresentada durante o Congresso Mundial de Cardiologia nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, jovens que têm hábitos de sono mais saudáveis têm uma propensão significativamente menor de morrer cedo, já que 8% das mortes por qualquer causa podem ser atribuídas a padrões de sono ruins.
“Vimos uma clara relação entre mais fatores benéficos em termos de qualidade de sono e uma redução gradual de todas as causas de mortalidade cardiovascular”, afirma Frank Qian, médico e pesquisador da Faculdade de Medicina de Harvard e o principal autor do estudo. “Essas descobertas enfatizam que apenas dormir certo número de horas não é suficiente. Você realmente precisa ter um sono reparador e não ter problemas para adormecer e seguir dormindo”, afirma, apontando para fatores negativos como acordar frequentemente durante a noite.
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A pesquisa usou dados de 172 mil pessoas com idade média de 50 anos e 54% das participantes mulheres, obtidos por meio da Pesquisa Nacional de Saúde dos EUA entre 2013 e 2018. Segundo Qian, este é o primeiro estudo a usar uma população nacionalmente representativa para observar como vários comportamentos de sono, e não apenas a sua duração, podem influenciar a expectativa de vida.
Os participantes foram acompanhados por uma média de 4,3 anos, durante o qual 8.681 pessoas morreram. Dessas mortes, 2.610 mortes (30%) foram causadas por doenças cardiovasculares, 2.052 (24%) por câncer e 4.019 (46%) por outras causas. Os pesquisadores avaliaram cinco fatores diferentes de qualidade de sono e criaram uma pontuação padronizada.
Os fatores incluem:
1) duração ideal do sono de sete a oito horas por noite;
2) dificuldade em adormecer no máximo duas vezes por semana;
3) dificuldade em manter o sono não mais do que duas vezes por semana;
4) não fazer uso de nenhum medicamento para dormir;
5) sentir-se bem descansado após acordar pelo menos cinco dias por semana.
A cada fator foi atribuído um ponto se presente, até um máximo de cinco pontos, representando a melhor qualidade do sono possível.
Resultado
Segundo Qian, quando alguém tem a pontuação máxima, a sua expectativa de vida aumenta consideravelmente. “Portanto, se pudermos melhorar o sono em geral, e identificar os distúrbios do sono é especialmente importante, poderemos prevenir parte dessa mortalidade prematura”, afirma o pesquisador.
Entre homens e mulheres que relataram ter todas as cinco medidas de qualidade do sono (uma pontuação de cinco), a expectativa de vida foi 4,7 anos maior para os homens e 2,4 anos maior para as mulheres em comparação com aqueles que não tinham nenhum ou apenas um dos cinco elementos favoráveis de qualidade do sono.
Em comparação com indivíduos que tinham de zero a um fatores de sono favoráveis, aqueles que tinham todos os cinco tinham 30% menos probabilidade de morrer por qualquer motivo, 21% menos probabilidade de morrer de doença cardiovascular, 19% menos probabilidade de morrer de câncer e 40% menos propensos a morrer de outras causas que não doenças cardíacas ou câncer.
Embora a pesquisa seja animadora, ela ainda é preliminar e precisa de maior aprofundamento, mas Qian tem trabalhado nela e deve apresentá-la de forma mais completa na próxima segunda-feira (6). Um dos objetivos é tentar entender por que os homens tiveram um aumento tão maior que as mulheres na expectativa de vida, por exemplo.