Dois movimentos do mercado externo trouxeram de volta algum otimismo sobre o andamento da economia global em 2013. No primeiro deles, reforçando uma tese que a própria presidenta Dilma tem defendido em conversas com demais chefes de Estado – de que a saída da crise passa necessariamente por medidas de incentivo ao crescimento e não por políticas de austeridade como cortes salariais –, o governo americano decidiu dar um sinal claro de que vai estimular a retomada de sua economia. Anunciou, para a surpresa geral, que os EUA terão juro zero ao menos até 2015. 

 

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A informação foi essa mesma: o país fará uma espécie de congelamento da taxa para todas as suas linhas de crédito, que só voltarão a subir quando o desemprego cair para algo em torno de 6,5%. Hoje ele se encontra na faixa de 7,7%. Essa clara disposição em turbinar os agentes de mercado deve reverberar pelo mundo e acelerar o ciclo do investimento, produção e consumo. Autoridades americanas estão plenamente convencidas de que a saída passa pela injeção de liquidez. Algo que também por aqui no Brasil vem sendo buscado com o PAC e a concessão de bilhões de reais em crédito a setores como o da construção civil. 

 

Na seara americana, o plano de estímulos não para por aí. Além da política de juro zero – um exemplo que deveria servir de referência aos campeões de taxas altas como o Brasil – o Federal Reserve informou que vai comprar US$ 45 bilhões por mês em títulos de longo prazo, inclusive papéis hipotecários que fizeram o desastre dos sub-primes. Se os EUA, tidos ainda como motor do mundo, acelerarem seu crescimento a partir do próximo ano, será bem possível que outros países parceiros sejam beneficiados pela onda. Já no Velho Continente, outra promissora decisão foi anunciada. 

 

Abrindo mão de parte de sua soberania, países-membros da União Europeia aceitaram que uma espécie de banco central dos bancos centrais arbitrasse suas contas, controlando gastos e estabelecendo uma política monetária comum, rumo a um fortalecimento do euro. É um acordo histórico justamente quando o bloco ameaçava se esfacelar em virtude da fragilidade financeira. Pelo acerto, um mecanismo de supervisão dos bancos da eurozona entra em vigor a partir de junho de 2014 e deverá permitir a recapitalização das instituições mais afetadas. É um primeiro passo em direção à união bancária do bloco, restaurando a confiança no sistema. Como verdadeiros presentes de Natal, as decisões tomadas nos EUA e na Europa são sinalizadoras de que dias melhores estão por vir.