O investimento não é recomendado para investidores conservadores, muito menos para os religiosos. Mas uma modalidade, digamos, heterodoxa, de negócios está fazendo sucesso
nas Bolsas de Valores. São as empresas de sexo. Na Austrália, o lançamento dos papéis de um bordel foi um sucesso absoluto. As ações da Daily Planet, a maior casa de prostituição do País, quase dobraram de valor no primeiro dia de negociação. Na Alemanha, os papéis dos bancos estão em baixa. Mas os da rede de sex shop Beate Uhse vão muito bem.

O interesse pelas empresas que negociam sexo ou artigos eróticos é instantâneo. Basta ver o desempenho dos papéis do Daily Planet no primeiro dia de pregão, na semana passada. Ofertados a US$ 0,31, logo as cotações saltaram 40% e fecharam o dia valendo US$ 0,59 _ uma valorização de 90%. A casa de prostituição ganhou, num dia, 600 sócios e US$ 2,2 milhões em investimentos.

Aberta em 1975, a Daily Planet é conhecida como um hotel cinco estrelas que oferece serviços sexuais. Situado no subúrbio de Melbourne, o bordel tem uma amplo salão e 18 quartos temáticos com nomes como Vênus e Xanadu. Cada quarto custa US$ 74 a hora. No ano passado, a empresa faturou US$ 4,5 milhões. Entusiasmado, o presidente da Daily Planet, Andrew Harris, sonha mais longe. ?Quero criar um império de US$ 320 milhões?, diz o cafetão de luxo. Como a prostituição é permitida na Austrália, Harris quer abrir filiais em todo o País. O passo seguinte é o exterior, a começar pelos EUA. ?Vou abrir uma casa com 200 quartos em Nevada?, diz Harris. Para ajudar na promoção, o bordel contratou Heidi Fleiss, a ?madame Hollywood?. Fleiss foi presa na década de 90, acusada de dirigir uma rede de prostituição de luxo, cuja clientela incluía atores e produtores de cinema. ?Como algo pode dar errado se o negócio envolvido é sexo??, ironiza Fleiss.

O lucrativo negócio do erotismo não se limita à Austrália. Há
quatro anos, a loja alemã de produtos eróticos, Beate Uhse Ag, lançou ações na Bolsa de Frankfurt e arrecadou US$ 60 milhões. Criada em 1962, tem 200 lojas, na Alemanha, Áustria, Espanha e Itália, além de canais de sexo na televisão e na internet. Sua criadora, Beate Uhse, respondeu mais de 2.000 processos na Justiça. Antes de morrer, aos 82 anos, dizia estar orgulhosa de romper com o conservadorismo alemão.

No Brasil, analistas financeiros não falam no assunto. O tema é tabu. Mas quem é do ramo diz que as próprias forças do mercado quebrarão as resistências. ?O desempenho das ações mostra como a indústria do erotismo atrai as pessoas?, diz Oscar Maroni Filho, dono do Bahamas, casa noturna de São Paulo. Maroni que já enfrentou processos sob a acusação de promover a prostituição, está de olho na Bolsa de Valores. ?Em dois anos, vamos abrir o capital?, anuncia o empresário, mirando no exemplo internacional.