03/03/2015 - 11:05
A Bovespa abriu o pregão desta terça-feira, 3, em alta, mas o sinal negativo que prevalece nos mercados internacionais reduz o ímpeto dos negócios locais, deixando-os na linha d’água. Enquanto os mercados no exterior se arrastam, neste dia de agenda econômica fraca, a Bolsa brasileira concentra as atenções na Petrobras, cujas ações avançam nesta manhã, após a estatal petrolífera anunciar, na segunda-feira, 2, que planeja vender ativos e também cortar alguns investimentos previstos para este ano.
Às 10h15, o Ibovespa subia 0,20%, aos 51.124,80 pontos, já distante da pontuação máxima do dia, em alta de 0,52%, aos 51.288 pontos. O índice à vista ainda não foi negociado em baixa hoje. É válido lembrar que, após a forte alta antes do carnaval, a Bovespa ficou de lado por uma longa sequência de dias, rondando o patamar dos 51 mil pontos, que vem sendo defendido. Para analistas gráficos consultados pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, se perder este patamar, a correção técnica da Bolsa brasileira tende a ser maior, com chances de o Ibovespa ir até os 50,7 mil pontos, inicialmente.
Ainda no horário acima, as ações ON e PN da Petrobras ganhavam 2,87% e 2,80%, respectivamente, com os investidores digerindo as notícias sobre medidas a serem adotadas, a fim de reconstruir a imagem da empresa.
A Petrobras deve cortar de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões em investimentos previstos para este ano, o que representa algo entre 25% e 35% do que havia sido planejado para 2015. O novo plano de desinvestimentos anunciado ontem eleva para US$ 13,7 bilhões o saldo previsto com a venda de ativos em 2015 e 2016. Com isso, o novo presidente da estatal, Aldemir Bendine, prevê vender, em média, 150% mais ativos a cada ano do que previa sua antecessora, Graça Foster.
Na avaliação do analista independente Flávio Conde, a revisão do programa de desinvestimentos da Petrobrás é, sem dúvida, positiva, uma vez que mostra que a nova diretoria estaria disposta a reduzir o endividamento excessivo.
Ainda sobre a estatal, porém no front político, os mercados domésticos seguem atentos pela chamada Lista de Janot, que poderá ser encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) hoje. O ministro Teori Zavascki deve retirar o sigilo dos autos da Operação Lava Jato, mas os nomes dos políticos investigados só devem ser conhecidos posteriormente.
Segundo um operador da mesa de renda variável de uma corretora paulista, “a situação política deve continuar predominando, já que temos um ar de ‘desgoverno’ no governo”. Essa apreensão conduz os mercados domésticos, juntamente com o “ruído” político em Brasília.
Depois do “pito” da presidente Dilma Rousseff no ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao final da semana passada, também traz desconforto a negativa de Renan Calheiros (PMDB-AL) para participar do jantar oferecido ontem à noite à cúpula do PMDB, no Palácio da Alvorada. Para o Planalto, Renan estaria ressentido com a possível menção na Lava Jato.
Já em Wall Street, os índices futuros das bolsas de Nova York operam sem força nesta manhã, devolvendo parte dos ganhos de ontem na sessão regular, quando os índices Dow Jones e S&P 500 fecharam em níveis recordes de alta, ao passo que o Nasdaq 100 encerrou acima dos 5 mil pontos pela primeira vez desde março de 2000. No mesmo horário, no mercado futuro, o S&P 500 caía 0,22% e o Dow Jones cedia 0,16%.
A agenda econômica norte-americana está mais fraca hoje e traz o índice ISM de condições empresariais em Nova York no mês passado (11h45) e o relatório da API sobre os estoques semanais de petróleo bruto e derivados nos EUA (17h30).