O BR Partners fechou o quatro trimestre de 2024 com lucro líquido de R$ 42,1 milhões, queda de 2,3% na comparação com o mesmo período de 2023. No ano, o ganho somou R$ 193,7 milhões, aumento de 25% e recorde para o banco de investimento.

Por conta do mercado de capital agitado, que tem batido recordes de captações de renda fixa, e a participação em fusões e aquisições importantes, o BR Partners viu sua receita total aumentar 15,7% no quarto trimestre na comparação anual, para R$ 143,9 milhões. O retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) ficou em 20,4%. No ano, ficou em 23,8%.

No mercado de capitais, o BR Partners participou de 57 emissões em 2024, que levantaram R$ 10,5 bilhões. Também participou no banco de investimento de 14 reestruturações, como Light e Marisa, e fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) que movimentaram R$ 16 bilhões.

Na emissão de renda fixa, após os recordes de captações do ano passado, 2025 pode ter desaceleração, já que a taxa básica de juros deve continuar altamente restritiva, podendo atingir 15% ou mais, ressalta o diretor de Relações com Investidores e Assuntos Institucionais do BR Partners, Vinícius Carmona. Com isso, as empresas tendem a focar na preservação de caixa.

“Com juro a 15%, 16%, é muito difícil manter o ritmo do mercado de capitais de 2024, para não dizer quase impossível”, disse Carmona.

Tem empresas que vão parar projetos, outras que vão captar bem menos do que planejavam anteriormente e tem outras que vão seguir com seus planos, pois já estavam contratados. “O mercado não vai parar, mas a perspectiva é de mercado mais cauteloso.”

Para 2025, o juro alto, que encarece o crédito para empresas, pode dificultar a viabilidade de grandes investimentos e M&A mais transformacionais, avalia o BR Partners. Ainda assim, pode ser um ano com oportunidades de consolidações em setores. “Os M&A vão continuar, mas em ritmo mais ameno”, ressalta Carmona.

Ao mesmo tempo, o juro alto abre espaço para negócios na reestruturação de companhias, que terão que revisar passivos. Carmona observa que esse mercado foi forte na primeira metade de 2024, um rescaldo das grandes reestruturações de 2023, e no final do ano passado já deu sinais de voltar a se aquecer, quando os juros começaram a subir novamente.

O ciclo de reestruturações agora, ressalta Carmona, deve ser de empresas menores, muitas não listadas em bolsa. “A gente preferia mil vezes o mercado ao contrário, de juros baixos, com mais M&A e captações.”

Em outras áreas de negócios, na gestão de fortunas, que o banco passou a operar mais recentemente, o patrimônio já chegou a R$ 5 bilhões. Muitos dos clientes desse segmento são famílias bilionárias, vindas de relacionamento de outras operações do banco, como fusões e aquisições.