07/12/2015 - 16:50
Os executivos da BR Properties negaram que a companhia seja influenciada operacional ou financeiramente pelo seu principal acionista, o BTG Pactual. O banco tem se esforçado para gerar caixa e monetizar ativos, diante de uma crise de confiança desencadeada nos mercados financeiros após a prisão de André Esteves, que recentemente deixou a presidência da instituição. De acordo com o diretor presidente da BR Properties, Claudio Bruni, a companhia não tem aplicações ou dívida com o BTG.
“A companhia não tem dependência operacional ou financeira com o BTG Pactual”, afirmou Bruni, em encontro com analistas e jornalistas para esclarecer os últimos acontecimentos relacionados à empresa. Segundo o executivo, a influência da crise do BTG na BR Properties se limita à volatilidade nas ações da companhia.
De acordo com os números mais recentes da BM&FBovespa, o BTG e seus fundos de investimento tinham, em meados de novembro, uma participação de 35,87% na BR Properties. No entanto, o valor não inclui o recente leilão de ações da companhia, que, segundo analistas, teve o banco como principal vendedor.
Recentemente, o BTG Pactual informou que está considerando oportunidades de negócios, podendo, se for conveniente, vender parte dos seus ativos. O banco confirmou ainda que as eventuais transações podem envolver a venda de participações societárias nas seguintes sociedades: BSI, Recovery, Leader, UOL, BodyTech, BR Properties e Bravante, entre outros. Em comunicado publicado no sábado, o banco alertou, contudo, que a despeito dos contatos feitos por potenciais interessados nos referidos ativos, não houve a assinatura de qualquer documento representativo das potenciais transações ou mesmo a definição de venda.
O diretor presidente da BR Properties disse que o banco conduz as negociações de participações de maneira direta com possíveis compradores, sem a necessidade de passar pela companhia. “O BTG é quem negocia os ativos e faz o que quer fazer”, afirmou, ao acrescentar a empresa não pode se envolver. Ele apontou, contudo, que as ações da BR Properties podem ter prioridade nas negociações de ativos do BTG Pactual, pois o banco – e não apenas seus fundos – detém participação na companhia.
Distribuição de dividendos
Os executivos da empresa também negaram que possam ter sido influenciados na decisão anunciada na semana passada de distribuir dividendos para seus acionistas. De acordo com o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, André Fernandes Berenguer, o BTG Pactual se manteve em silêncio quando o conselho deliberou sobre o pagamento dos dividendos e não opinou sobre o montante distribuído ou o “timing” da medida. “Isso é especulação”, acrescentou, ao ser questionado sobre uma possível pressão do banco para arrecadar capital com os proventos da BR Properties.
A empresa anunciou em 2 de dezembro a distribuição de dividendos, vindos de reserva de lucro, no montante de R$ 599,439 milhões, sendo R$ 2,01 por ação ordinária, na sequência da conclusão da venda de uma série de ativos. Berenguer disse que o valor de distribuição foi calculado de forma a encontrar um equilíbrio entre a oferta de dividendos para acionistas e o uso de capital, acumulado com as vendas de ativos, para redução de dívida.
Para Bruni, o Brasil está passando por mudanças importantes. Questionado sobre a percepção dos inquilinos dos empreendimentos da empresa sobre os acontecimentos no País, como o processo de impeachment e as prisões da Operação Lava Jato, ele disse que a maior preocupação citada tem sido a falta de estabilidade. “Ninguém sabe o que precificar”, afirmou. “Hoje está tudo subvertido. Senador preso, banqueiro e presidente de empreiteira”, acrescentou.
No entanto, ele disse acreditar que, no médio prazo, a percepção dos investidores em relação ao País deve se fortalecer, por causa da confiança nas instituições. De acordo com o executivo, é importante que atos irregulares sejam punidos pelo lado criminal, não somente pelo lado ético e moral.
Berenguer espera que o momento político conturbado no País seja superado de maneira rápida. Para ele, independentemente da permanência ou não de Dilma Rousseff na presidência, é preciso uma resolução para a questão, de modo a destravar a economia brasileira.