A intempestividade do câmbio na atual conjuntura é uma combinação de uma crise política e financeira, o que leva a uma aversão ao risco. E tem um componente inflacionário por causa das importações. A opinião é do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, que participou na quinta-feira (24/09) da entrega do prêmio das MELHORES DA DINHEIRO. Ele concedeu a seguinte entrevista ao site da IstoéDinheiro:

• O dólar apreciado poderá afetar a taxa de juros mais adiante?

A taxa de juros está em um bom nível para mirar o centro da meta da meta de inflação, que é de 4,5% ao ano. O câmbio mudou de patamar em função de alguns elementos de insegurança. Obviamente há uma crise política, uma crise financeira. E quando as duas se conjugam isto configura uma situação mais tensa. Cria uma certa aversão ao risco.

• O dólar mais alto em relação ao real tem um componente inflacionário relevante?
Um câmbio exagerado pode pesar um pouco na inflação, já que temos ainda um determinado nível de importação. Mas não nesse patamar atual, refiro-me a um câmbio em nível um pouco acima de R$ 3,50, o que provoca um processo muito acelerado de substituição das importações. E esta substituição, mais adiante, é uma boa direção.

• O que a alta do dólar afeta no resultado do Bradesco?

Não temos um balanço em reais. O patrimônio que temos lá fora é hedge (seguro) interno. E nossa avaliação é sempre pelo custo do CDI (Certificado de Depósitos Interfinanceiros) porque não temos um balanço em dólar. Não somos uma empresa estrangeiro no Brasil, então não afeta nada. Ele é neutro.

• Como estão as negociações para a incorporação do HSBC, que o Bradesco adquiriu há pouco?

É um processo que está em trânsito, submetido ao Banco Central e ao CADE. E vamos aguardar as autorizações.

• Sairá este ano ainda o aval para a compra?
Esperamos que demore mais alguns meses, temos que respeitar o prazo das nossas autoridades.