04/02/2016 - 19:23
Em tempos difíceis para captação de recursos no exterior após o recente rebaixamento da nota brasileira pelas agências de crédito, o Bradesco informou na quinta-feira, 04, que obteve US$ 375 milhões (R$ 1,449 bilhão ao câmbio atual) da International Finance Corporation (IFC). O dinheiro servirá para financiar pequenas e médias empresas brasileiras que necessitam de dinheiro para ampliar a produção, capital de giro, apoio à exportação ou mesmo para desconto de duplicatas. Os juros e prazos cobrados para o tomador final dependerão do tipo de operação contratada, informa o Bradesco.
“Estamos muito satisfeitos com essa parceria com a IFC, que vai servir para concedermos créditos aos chamados Arranjos Produtivos Locais (APLs). Pode ser um produtor de mel, um rendeira do Nordeste ou qualquer outro tipo de empreendedor que precise de crédito para o seu negócio”, afirma Marlene Millan, diretora executiva do Bradesco.
A operação foi desenhada em duas etapas, com aporte de US$ 150 milhões de recursos do próprio da IFC, pelo prazo de cinco anos. Outros US$ 225 milhões virão de um grupo de bancos formados pelo espanhol Santander, o banco alemão Commerzbank e o Banco Nacional de Abu Dhabi por um prazo estipulado em três anos.
Contexto
Em 2015 as agências de classificação de risco Standard & Poor’s e Moody´s revisaram a nota dada ao Brasil e uma série de empresas para baixo. Isto encareceu a colocação de papéis (bônus) para captação de recursos de bancos e empresas no exterior.
Perguntada se este tipo de aporte da IFC representa uma alternativa para captação de recursos no exterior mais barata, a diretora do Bradesco diz que não se pode comparar tais instrumentos porque os critérios da IFC são muito específicos e diferentes de uma operação normal de recursos externos. “Há uma série de análises importantes, como por exemplo a responsabilidade socioambiental da instituição tomadora de crédito, uma análise muito criteriosa”, diz a diretora. “Nesse sentido, estamos muito satisfeitos do IFC ter aprovado a operação pelo rigor técnico que conseguimos atender”, acrescenta.
O Bradesco pagará pela linha de três anos juros de 1,70% ao ano mais a taxa da Libor (mercado interbancário de Londres), e de 2% ao ano mais Libor para a linha de cinco anos ao IFC, cifras consideradas muito boas pelo Bradesco analisando-se o cenário externo. “Não saberíamos precisar, mas certamente os custos de captação em vias normais no exterior seriam superiores a esses”, diz Marlene Millan.
IFC
Para a executiva da IFC responsável por instituições financeiras, Ariane Di Iorio, a relevância da parceria com o Bradesco está na capilaridade que o banco possui na concessão de crédito. “Não vamos nos esquecer que 20% do PIB brasileiro provém das pequenas e médias empresas, mais de 50% dos recursos formais, justamente um nicho que queremos atingir”, afirma. Ela também reafirma o rigor nos critérios da IFC na concessão de crédito, principalmente relacionados a aspectos socioambientais.
Di Iorio afirma que o financiamento às pequenas e médias empresas é elemento-chave da estratégia da IFC de promoção ao crescimento econômico e sustentável no País. “O fato de o Bradesco ter um foco estratégico nesse mercado, aliado à sua extensa rede de distribuição no País, contribuirá para maximizar o alcance deste investimento e ajudar a expandir cada vez mais o acesso ao financiamento ”, concluiu.