Em tempos  difíceis para captação de recursos no exterior após o recente rebaixamento da  nota brasileira pelas agências de crédito, o Bradesco informou na quinta-feira,  04, que obteve US$ 375 milhões (R$ 1,449 bilhão ao câmbio atual) da International Finance Corporation (IFC).  O dinheiro  servirá para financiar pequenas e médias empresas brasileiras que necessitam de  dinheiro para ampliar a produção, capital de giro, apoio à exportação ou mesmo  para desconto de duplicatas. Os juros e prazos cobrados para o tomador final  dependerão do tipo de operação contratada, informa o  Bradesco.

“Estamos muito satisfeitos com  essa parceria com a IFC, que vai servir para concedermos créditos aos chamados Arranjos Produtivos Locais (APLs).  Pode ser um produtor de mel, um rendeira do Nordeste ou qualquer outro tipo de empreendedor que precise de crédito para o seu negócio”, afirma Marlene Millan,  diretora executiva do Bradesco.

A operação foi desenhada em duas etapas, com aporte de US$ 150 milhões de recursos  do próprio da IFC, pelo prazo de cinco anos. Outros US$ 225 milhões virão de um  grupo de bancos formados pelo espanhol Santander, o banco alemão Commerzbank e o Banco Nacional de Abu Dhabi por um prazo estipulado em três  anos.

Contexto

Em  2015 as agências de classificação de risco Standard & Poor’s e Moody´s  revisaram a nota dada ao Brasil e uma série de empresas para baixo. Isto  encareceu a colocação de papéis (bônus) para captação de recursos de bancos e  empresas no exterior.

Perguntada se este tipo de aporte da IFC representa uma  alternativa para captação de recursos no exterior mais barata,  a diretora do Bradesco diz que não se pode comparar tais instrumentos porque os critérios da  IFC são muito específicos e diferentes de uma operação normal de recursos externos. “Há uma série de análises importantes, como por exemplo a  responsabilidade socioambiental da instituição tomadora de crédito, uma análise  muito criteriosa”, diz a diretora.  “Nesse sentido, estamos muito satisfeitos do  IFC ter aprovado a operação pelo rigor técnico que conseguimos atender”,  acrescenta.

O Bradesco pagará pela linha de três anos juros de  1,70% ao ano mais a taxa da  Libor (mercado interbancário de Londres), e de 2% ao ano mais Libor para a linha  de cinco anos ao IFC, cifras consideradas muito boas pelo Bradesco analisando-se  o cenário externo. “Não saberíamos precisar, mas certamente os custos de  captação em vias normais no exterior seriam superiores a esses”, diz  Marlene Millan.

IFC

Para a  executiva da IFC responsável por instituições financeiras, Ariane Di Iorio, a  relevância da parceria com o Bradesco está na capilaridade que o banco possui na  concessão de crédito. “Não vamos nos esquecer que 20% do PIB brasileiro provém  das pequenas e médias empresas, mais de 50% dos recursos formais, justamente um  nicho que queremos atingir”, afirma. Ela também reafirma o rigor nos critérios  da IFC na concessão de crédito, principalmente relacionados a aspectos  socioambientais.

Di Iorio afirma que o financiamento às pequenas e médias empresas é elemento-chave  da estratégia da IFC de promoção ao crescimento econômico e sustentável no País.  “O fato de o Bradesco ter um foco estratégico nesse mercado, aliado à sua extensa rede de distribuição no País, contribuirá para maximizar o alcance deste  investimento e ajudar a expandir cada vez mais o acesso ao financiamento ”, concluiu.