03/08/2011 - 21:00
Os resultados do primeiro semestre de dois dos maiores bancos privados brasileiros mostraram um comportamento díspar. Na quarta-feira 27, o Bradesco anunciou um aumento de 21,7% no lucro de 2011 em relação a 2010, obtendo cerca de R$ 5,5 bilhões nos seis primeiros meses do ano. Nessa mesma data, o Santander informou que seu resultado, calculado segundo o padrão contábil brasileiro, caiu 9,74%. O lucro líquido recuou de R$ 2,02 bilhões em 2010 para R$ 1,82 bilhão em 2011. O resultado do banco espanhol decepcionou o mercado, e as ações fecharam em baixa de 6,4%. A queda foi amplificada por perdas da matriz na Espanha, embora as operações do Brasil e da Espanha sejam independentes.
Trabuco, do Bradesco: emprestando mais
Raquel Varela e Raphael Nascimento, analistas da Corretora Votorantim, dizem que o ritmo de crescimento do Santander é inferior ao da concorrência, e a rentabilidade patrimonial, de 13,6%, está bem distante da de outros bancos de grande porte. Já o Bradesco, de Luiz Carlos Trabuco Cappi, comemorou os bons resultados da expansão do crédito. A rentabilidade patrimonial anualizada foi de 22,9% no segundo trimestre. Segundo Leonardo Zanfelicio, analista da Concórdia, a expansão dos empréstimos compensou a alta das despesas operacionais e o mau resultado das operações de tesouraria. Apesar dos bons números do balanço, as ações sofreram com o mau humor do mercado no dia do anúncio e fecharam em baixa de 1,2%.
Fechamento de capital
Ações do UOL vão sair do ar
Após Copersucar e InBrands suspenderem sua entrada no mercado, uma já veterana na bolsa anunciou que vai bater em retirada. O portal e provedor de serviços de internet Universo Online (UOL) enviou para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) comunicado sobre a intenção de sua controladora, a Folhapar, de realizar uma Oferta Pública de Aquisições (OPA) para fechar o capital. O motivo não foi informado, mas os minoritários serão convocados para deliberar sobre o plano.
Fique de olho: A OPA será destinada a comprar 18,39 milhões de ações ordinárias e 30,72 milhões de ações preferenciais, que representam 40,89% do capital da companhia. O preço máximo a ser ofertado será de R$ 17,00 por ação.
Educação financeira
A BM&FBovespa voltará a divulgar os princípios de educação financeira pela televisão. No dia 1o de agosto estreia, no canal Futura, a segunda temporada da série O porco e o magro, voltada para o público infantil. Os programas serão exibidos de segunda a sexta-feira, às 10h25.
Touro x Urso
A bolsa não resistiu à indefinição do mercado internacional e encerrou o mês de julho com uma baixa de 5,9% até a quinta-feira 28.
O índice Bovespa encerrou o mês pouco abaixo de 59 mil pontos. As perspectivas não são boas. A aceleração da inflação vem fazendo o Banco Central elevar os juros e nada indica que esse processo tenha se encerrado. Além disso, os indicadores antecedentes mostram um arrefecimento da economia brasileira. Para a próxima semana, o mercado espera mais detalhes sobre a negociação política americana, para permitir elevar o limite de endividamento público nos Estados Unidos.
Destaque no pregão
Petrobras planeja investimentos de R$ 225 bilhões até 2015
A estatal petrolífera Petrobras divulgou seu muito esperado plano de investimentos no dia 22 de julho. A empresa informou que vai investir US$ 224,7 bilhões até o fim de 2015. O plano de negócios prevê que 95% desse montante seja aplicado no Brasil e os 5% restantes destinem-se ao Exterior, contemplando um total de 688 projetos. A empresa divulgou ainda que 57% dos investimentos serão direcionados à execução e à implementação de planos já autorizados pela direção. Com os números, a companhia espera duplicar suas reservas provadas de petróleo até 2020. Na segunda-feira 25, ao explicar os números, o presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, disse que os preços da gasolina podem aumentar e que a Petrobras pode elevar sua importação de combustível para evitar o desabastecimento e a alta de preços.
Palvara do analista: Ao menos no curto prazo, o preço da gasolina não deve subir e afetar as ações da companhia. “A declaração não agrega nenhum elemento à nossa avaliação”, afirmou Ricardo Corrêa, da corretora Ativa, em relatório. Mas os detalhes sobre as projeções de produção chamaram a atenção do mercado. Ao comentar os números, Gabrielli disse que a expectativa de duplicar as reservas provadas até 2020 é conservadora. “O potencial de crescimento da produção reforça a visão positiva do mercado e deve melhorar a percepção dos investidores sobre o valor da empresa”, afirma Corrêa.
Mercado em números
Vale
R$ 21,6 bilhões – Foi o lucro líquido da Vale no primeiro semestre, um crescimento de 127% em relação ao mesmo período de 2010. No segundo trimestre, o lucro foi de R$ 10,3 bilhões, um recorde para o período.
Telefônica
R$ 2,27 bilhões - Foi o lucro líquido da Telefônica no Brasil no primeiro semestre, alta de 45,9% ante o mesmo período de 2010. Na mesma base de comparação, o total de acessos subiu 12,2%, para 79,3 milhões, impulsionado pelos segmentos móvel e banda larga.
Totvs
R$ 620,2 milhões – Foi a receita líquida que a Totvs obteve no primeiro semestre do ano, alta de 16,9% ante o mesmo período de 2010. Só no segundo trimestre, a receita cresceu 16,7%, para R$ 315,2 milhões.
Redecard
R$ 322,6 milhões – Foi o lucro líquido da Redecard no segundo trimestre de 2011, queda de 13,9% ante o mesmo período do ano passado. Na mesma base de comparação, a receita líquida cresceu 2,9%.
Bradespar
1,5 milhão – É o número de ações que a Bradespar poderá adquirir numa nova rodada de seu programa de recompra, renovado por seis meses. Do total de papéis, 500 mil são ordinários e um milhão preferenciais.
Pelo mundo
Kodak mal na foto
A fabricante de equipamentos de imagem Eastman Kodak apresentou um prejuízo de US$ 179 milhões, no segundo trimestre, uma piora de 7,18% em relação ao prejuízo do mesmo período, do ano passado. Apesar do resultado, no dia do anúncio, o papel da companhia subiu 2,58%, em Nova York.
UBS passa a tesoura
O banco suíço UBS anunciou um plano de redução de custos que pode chegar a US$ 2,5 bilhões, em até três anos. A medida foi anunciada após o banco divulgar um lucro líquido de US$ 1,27 bilhão, no segundo trimestre, queda de 49% ante o mesmo período de 2010. No dia do anúncio, as ações do banco caíram 3,5% na bolsa de Zurique.
Rolls-Royce acelera
A fabricante de motores inglesa Rolls-Royce anunciou uma alta de 28% nos lucros do primeiro semestre, ante o mesmo período de 2010. Os contratos de manutenção de longo prazo e as vendas para a aviação militar devem manter os resultados. As ações, que já sobem 5% neste ano, ficaram estáveis a 636 pence (US$ 1,04) após a divulgação.
Personagem
Aposta nas vendas porta a porta
Embora tenha registrado aumento no volume financeiro de transações e na receita líquida do segundo trimestre, o lucro líquido da Cielo caiu nesse período. As causas foram a concorrência muito competitiva e os gastos com inovação, para continuar crescendo. Rômulo de Mello Dias, presidente da Cielo, conversou com DINHEIRO sobre o balanço, divulgado na quarta-feira 27.
Rômulo Dias, presidente: cobrando menos dos comerciantes
O volume financeiro de transações avançou 21,2%, no trimestre. Por quê?
O que impulsiona esse crescimento é, principalmente, nosso posicionamento. A Cielo está presente em 98,8% dos municípios e temos diversos canais para chegar aos lojistas, o que faz com que o número de transações capturadas aumente e nos ajude a liderar o mercado brasileiro.
A receita líquida cresceu 6,7%, mas o lucro líquido caiu 7,5%. O que ocorreu?
A queda nos lucros ocorreu em função desse novo cenário, mais competitivo, em que estamos vivendo. As renegociações de contratos também fizeram com que reduzíssemos a taxa de desconto (o valor por transação cobrado do lojista). No primeiro trimestre, a taxa líquida de desconto foi de R$ 1,22 no crédito e R$ 0,76 no débito. Já no segundo trimestre, passou para R$ 1,17 no crédito e R$ 0,74 no débito.
Para este ano, a estimativa é de que o volume financeiro de transações aumente até 21,5%. O que deve influenciar?
Um conjunto de fatores. Primeiro, temos o pano de fundo macroeconômico, com consumo interno e crédito crescentes. Além disso, nossa indústria ainda passa por um momento de substituição do dinheiro em papel e do cheque pelos meios plásticos, o que também deve impulsionar o crescimento das transações.
A alta na taxa de juros no Brasil pode interferir nesse resultado?
A taxa de juros sempre tende a arrefecer o consumo e acaba afetando o uso dos cartões. No entanto, a indústria ainda está no processo de substituição do cheque e do dinheiro pelos cartões e nós investimos muito em inovação. Esses fatores mais que compensam o efeito da alta de juros.
Que inovações podem combater esse efeito?
Nós aumentamos as possibilidades de pagamento via celular, com um aplicativo que transforma smartphones, com sistema operacional Android, em máquinas da Cielo. Vamos continuar investindo em produtos como esse, que aumentam a possibilidade de captura, e na bandeira Elo.
Essas inovações buscam quais segmentos?
Principalmente, os profissionais autônomos e os vendedores que trabalham no porta a porta. Se compararmos esse mercado com um grande varejista, por exemplo, veremos que o número de transações realizadas por esses profissionais ainda é muito pequeno. Porém, acreditamos muito no potencial desse segmento. Estamos nos preparando para que, quando essa nova onda chegar, já estejamos bem posicionados para atendê-la.
com Lilian Sobral