O Bradesco divulgou na manhã desta quinta-feira, 2, suas projeções de desempenho para este ano, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras do quarto trimestre e de 2016. O banco espera que a carteira de crédito expandida cresça de 1% a 5% em 2017 tanto no conceito “pró-forma”, que inclui a incorporação do HSBC Brasil no período de análise, como no “publicado”. No ano passado, a expectativa do Bradesco era de que, considerando os números do banco inglês, os empréstimos avançassem de 8% a 12% em relação a 2015. O crescimento de 8,6% no período veio em linha com a projeção do banco. As despesas com provisões para devedores duvidosos da instituição, as chamadas PDDs, devem totalizar R$ 21,0 bilhões a R$ 24,0 bilhões neste ano, tanto no conceito pró-forma como no publicado. No ano passado, o banco projetava que esses gastos ficassem entre R$ 22,5 bilhões a R$ 25,0 bilhões no conceito pró-forma. As despesas com PDDs somaram R$ 21,739 bilhões, abaixo do guidance pró-forma, mas em linha com o intervalo de R$ 20,0 bilhões a R$ 22,5 bilhões, considerando o HSBC apenas a partir da segunda metade de 2016. A margem financeira de juros pode, na melhor das hipóteses, ficar estável e, no pior cenário, encolher até 4% no guidance pró-forma de 2017. No conceito publicado, o Bradesco projeta elevação de 3% a 7% neste ano. Para a receita de prestação a serviços, o banco espera crescimento de 7% a 11% em 2017 ante o exercício passado (pró-forma) e de 12% a 16% (publicado). As despesas operacionais, que incluem gastos administrativos e de pessoal, podem encolher até 1% neste ano ou crescer até 3% (pró-forma). No conceito publicado, o banco projeta incremento de 10% a 14%. Já os prêmios de seguros devem crescer de 4% a 8% neste ano no conceito pró-forma e de 6% a 10% no publicado. Inadimplência A inadimplência do Bradesco, considerando atrasos acima de 90 dias, encerrou dezembro em 5,5%, um aumento de 0,1 ponto porcentual na comparação com setembro, de 5,4%. Em um ano, o indicador piorou em 1,4 p.p. Todos os segmentos, com exceção das grandes empresas, tiveram aumento de calotes no quarto trimestre. A inadimplência de 90 dias das pequenas e médias empresas subiu de 7,63% no terceiro trimestre para 8,62% no quarto. Em um ano, estava em 6,0%. Já o calote das pessoas físicas passou de 6,53% ao final de setembro de 2016 para 6,94% ao fim de dezembro, sendo que estava em 5,5% em dezembro de 2015. A inadimplência das grandes empresas ficou em 1,24% no quarto trimestre de 2016 ante 2,03% no terceiro e 0,5% no mesmo período de 2015. O indicador de curto prazo, que considera operações vencidas de 15 a 90 dias, também teve piora, passando de 4,61% ao final de setembro para 4,65% ao término de dezembro. Em um ano, estava em 4,1%. Também pesou o desempenho da pessoa jurídica, cuja inadimplência foi a 3,77% no quarto trimestre contra 3,24% no terceiro e 3,0% em um ano. Na pessoa física, os calotes de curto prazo ficaram em 5,78% ante 6,47% e 5,7%, respectivamente e na mesma base de comparação. Provisões As despesas com provisões do Bradesco, as chamadas PDDs, totalizaram R$ 5,525 bilhões no quarto trimestre, montante 31,8% maior em um ano, de R$ 4,192 bilhões. Em relação aos três meses anteriores, quando somaram R$ 5,742 bilhões, houve redução de 3,8%. Em 2016, as despesas com PDDs do Bradesco totalizaram R$ 21,739 bilhões, alta de 43,3% em relação ao ano anterior. Segundo o banco, esse aumento é resultado da elevação da inadimplência, impactada, principalmente, pela intensificação da desaceleração da atividade econômica no período e do efeito do alinhamento do nível de provisionamento de operações com clientes corporativos, com destaque a um caso específico, que seria a Sete Brasil, conforme fontes, cujo agravamento de rating afetou o primeiro semestre de 2016 em R$ 1,201 bilhão. O banco cita ainda o efeito da consolidação do HSBC Brasil a partir do terceiro trimestre de 2016. O banco fechou dezembro com saldo de PDDs de R$ 40,714 bilhões, elevação de 38,0% em um ano, de R$ 29,499 bilhões. Ante setembro, quando estava em R$ 40,416 bilhões, cresceu 0,7%. Para 2017, o Bradesco espera que suas despesas com provisões para devedores duvidosos alcancem de R$ 21,0 bilhões a R$ 24,0 bilhões. O índice de cobertura efetivo do Bradesco foi a 206,8% ao final de dezembro contra 204,7% em setembro e 204,3% em um ano. Índice de Basileia O índice de Basileia do Bradesco encerrou o quarto trimestre do ano passado em 15,4%, acima do indicador de 15,3% registrado nos três meses anteriores. Em um ano, porém, teve redução de 1,4 ponto porcentual. O Basileia mede quanto um banco pode emprestar sem comprometer o seu capital. Do indicador apresentado no quarto trimestre, o capital de nível 1, de melhor qualidade, representou 12,0% ante 11,9% no trimestre anterior e 12,7% em um ano. O principal subiu 11,1% em setembro para 11,2% em dezembro, mas caiu 1,5 p.p. em relação a dezembro de 2015. Já o capital complementar permaneceu respondendo por 0,8%. Também foi vista estabilidade no capital de nível 2, em 3,4% ao final de dezembro ante setembro. Em 12 meses, estava em 4,1%. Em dezembro de 2016, o Patrimônio de Referência do Conglomerado Prudencial do Bradesco alcançou o montante de R$ 101,127 bilhões, frente aos ativos ponderados pelo risco de R$ 656,189 bilhões. O Bradesco demonstra, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, simulação para Basileia III. O índice seria 12,2% no quarto trimestre ante 12,1% no terceiro que, acrescido de potencial captação, via dívida subordinada, poderá totalizar um Índice de Basileia – Nível I aproximado de 12,9%, no final de 2018. O indicador considera ajustes futuros como a aplicação de 100% das deduções previstas no cronograma de implantação, realocação de recursos via pagamento de dividendos por parte do Grupo Segurador, consumo de créditos tributários, antecipação do multiplicador de parcelas de riscos de mercado e operacional, de 9,875% para 8%, e o impacto da Resolução nº 4.517/16 do CMN, além do reflexo da aquisição do HSBC Brasil (amortização do ágio/intangível e sinergia no processo de incorporação).