Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) -O Bradesco superou previsões de lucro no segundo trimestre, montado no forte crescimento de linhas de crédito mais lucrativas e no controle de custos, mas teve uma piora na qualidade da carteira de empréstimos.

O segundo maior banco privado do país anunciou nesta quinta-feira que seu lucro recorrente do período somou 7,04 bilhões de reais, alta de 11,4% sobre um ano antes e acima da previsão de analistas ouvidos pela Refinitiv, de 6,783 bilhões. Em termos líquidos, o lucro de 7,075 bilhões de reais foi 18,4% maior.

No relatório, o Bradesco mencionou a margem financeira com clientes, tarifas, controle das despesas e bom desempenho do braço de seguros como alicerces do resultado.

No fim de junho, a carteira de crédito expandida do banco somava 855,4 bilhões de reais, com um avanço de 17,7% em 12 meses, puxado sobretudo pela expansão de linhas como cartão de crédito e pessoal, que são mais lucrativas.

Com isso, a margem com clientes deu um salto de 25,8% ano a ano, para 16,95 bilhões de reais. Isso ofuscou o resultado negativo da tesouraria, de 587 milhões de reais, ante 2,27 bilhões de reais positivos um ano antes.

As receitas foram reforçadas ainda pelas por serviços e tarifas, que evoluíram 6,7% no comparativo anual, para 8,98 bilhões de reais. Por fim, um mix de forte aumento de receitas operacionais e financeiras fez o lucro do braço de seguros dar um salto de 175,6%, a 1,8 bilhão de reais.

Na outra ponta, o banco conseguiu manter controle sobre as despesas administrativas, que subiram 4,9%, em ritmo muito inferior ao da inflação do período, para 11,5 bilhões de reais.

Por outro lado, o Bradesco registrou uma piora na qualidade da sua carteira de empréstimos, com o índice de inadimplência acima de 90 dias subindo 0,3 ponto percentual na base trimestre a trimestre e 1 ponto ano a ano. Mas os indicadores antecedentes de calotes – atrasos acima de 60 dias e NPL – tiveram forte piora e o índice de cobertura caiu velozmente.

Isso levou a Bradesco a ampliar em 52,5% o volume de provisões para perdas esperadas com inadimplência, também ano a ano, para 5,31 bilhões de reais.

Em relatório a clientes, Rafael Frade, Jose Luis Cuenca e Gabriel Gusan, analistas do Citi, afirmaram que os investidores vâo se concentrar na alta do índice de inadimplência, que só não foi pior porque o banco vendeu uma carteira de 2 bilhões de reais, ou o índice +90 teria subido 0,6 ponto sequencial.

“Acreditamos que a contínua deterioração da qualidade dos ativos é a principal preocupação, e o segundo trimestre não trouxe alívio nessa questão”, escreveram eles.

Em comentários enviados após a divulgação do resultado, o presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, afirmou que o banco fez ajustes nos modelos de risco de crédito no últimos trimestres.

“Assim devemos crescer em ritmo mais moderado, mas mantendo a rentabilidade de nosso portfólio”, afirmou “Estamos com o balanço bem provisionado para o momento atual do ciclo de crédito, o que deve permitir a manutenção de um nível de retorno consistente.”

(Reportagem adicional de Carolina Pulice, edição Alberto Alerigi Jr.)