13/04/2012 - 21:00
O empresário paulista Eduardo Gaz apaixonou-se pelo esqui na neve desde que experimentou o esporte pela primeira vez, aos 18 anos. E tratou de transformar a diversão em seu ganha-pão. Duas décadas de trabalho depois, dono das operadoras de turismo de alto padrão SKIBrasil e Selections, Gaz comemora o sucesso de seus negócios e quer mais. “Vamos reinventar o turismo no Brasil”, diz. Tanto otimismo tem motivo. Gaz revelou com exclusividade à DINHEIRO que a SKIBrasil firmou uma joint venture com a americana SKI.com, nada menos que a maior operadora de esqui do mundo. Se depender dele, essa associação vai significar um grande avanço não apenas para sua companhia como para os destinos de neve. “Nossa proposta é dobrar o número de esquiadores brasileiros nos próximos três anos”, afirma.
Aspen, no colorado: brasileiros são o segundo contingente de turistas estrangeiros na estação de esqui
mais famosa dos Estados Unidos.
Ou seja, a ideia é passar dos atuais 100 mil para 200 mil até 2015. “Nos próximos dez anos, o plano é chegar aos 300 mil turistas”, diz. A proposta vem no melhor momento da história da indústria do turismo no País. São mais de cinco milhões de brasileiros que viajam para o Exterior por ano, desembolsando uma média de US$ 600 ao dia. Só em janeiro deste ano, por exemplo, foram gastos quase US$ 2 bilhões lá fora. Com números como esses, quem não estaria de olho nos turistas do Brasil? Para Harry Peisach, presidente da SKI.com, o Brasil é o lugar perfeito para investir atualmente. “Quando o brasileiro viaja, ele gosta de ficar em bons lugares e comer em bons restaurantes”, afirma Peisach. “É o turista ideal.”
Contando com o apetite dos brasileiros para gastar dólares, o americano planeja aumentar suas 70 mil viagens anuais e a receita superior a US$ 150 milhões. Pensando no potencial dos negócios no Brasil, Peisach procurou Gaz para propor a criação de uma nova operação, em sociedade. Segundo ele, a joint venture une o melhor das duas empresas: a tecnologia da SKI.com e o know-how no mercado brasileiro da SKIBrasil. Gaz concorda com o sócio. “Desenvolver um site como o SKI.com ia me custar tempo e muito dinheiro”, afirma. “Por outro lado, o Harry nem sequer entendia o costume do crediário que existe aqui, por exemplo.” A loja, em São Paulo, vende quatro mil viagens por ano e quer chegar aos 12 mil até 2015. O modelo de site da SKI.com tem se mostrado bastante eficaz para compras de destinos de neve.
Eduardo Gaz, da SkiBrasil: o empresário transformou um hobby
em um negócio de alto padrão.
Isso porque, quando as pessoas pensam em esquiar pela primeira vez, se assustam com as despesas iniciais, que incluem aulas, compra de roupas adequadas e equipamento, além da passagem e hospedagem, é claro. Com o site desenvolvido pela SKI.com, os clientes conseguem ter uma noção do que vão desembolsar e podem tanto realizá-las pela internet como contar com a assessoria dos consultores especializados. No caso da versão brasileira, que entrará no ar no fim de julho, algumas mudanças foram feitas. Além da adoção do crediário, está previsto, por exemplo, um maior detalhamento das informações aos clientes. Aqui ainda é preciso desmistificar e explicar”, diz Gaz. “Quem vai esquiar uma vez e não gosta é porque foi mal assessorado”, afirma.
O anúncio da criação da joint venture também foi bem recebido pelos proprietários de estações de esqui, que vão colocar à disposição da SKIBrasil verbas de marketing de até US$ 500 mil para divulgar seus resorts no País. Bob Stinchcomb, vice-presidente da Vail Resorts, no Estado do Colorado (EUA), diz que já vem notando um crescimento da presença de brasileiros nos últimos anos. “A vinda dos turistas do Brasil é ótima porque, como eles vêm na baixa temporada, suprem um pouco da queda em nossa curva de receitas”, afirma Stinchcomb. John Rigney, vice-presidente da concorrente Aspen Skiing, também do Colorado, não esconde seu otimismo. Segundo ele, os turistas brasileiros são, depois dos australianos, a nacionalidade estrangeira que mais visita a estação de esqui mais famosa do mundo. Que tal engrossar as estatísticas na próxima temporada?