Ficaram de olhos bem abertos especialmente para as deliberações lançadas por um único parceiro: o Brasil. O tom das conversas seguiu a cadência determinada pela comitiva nacional. 

 

Os representantes brasileiros voltaram a atacar os desequilíbrios cambiais que vêm castigando as economias em crescimento. Como detentor de uma das moedas que mais se valorizaram nos últimos tempos – em boa parte não por decisão ou escolha própria –, o Brasil almeja uma saída multilateral para o impasse e suas inquietações foram ouvidas. 

 

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De cara recusou a proposta francesa de um controle de commodities agrícolas, apontadas como maiores vilões da escalada de preços em todo o mundo. 

 

A França recuou dessa ideia e deu um passo em outra direção. Propôs uma alternativa via regulamentação das operações com derivativos financeiros das commodities. 

 

A opção agradou porque não significaria o cerceamento puro e simples do mercado de matérias-primas, como desejava inicialmente Nicolas Sarkozy. 

 

É fato que a alta de preços dos alimentos assusta o planeta há algum tempo, mas é verdade também que poucas nações querem atacar o problema de frente. 

 

A começar pela própria China, que tem driblado toda e qualquer conversa sobre restrições que passem pela área cambial. Como palco para uma mera “troca de ideias” e propostas iniciais, a rodada de Paris seguiu positiva. 

 

Antes dali, o impasse se desenhava como único cenário, numa polarização de posições, colocando de um lado as chamadas maiores economias e do outro as emergentes. 

 

Ainda não se chegou ao consenso, mas existem boas perspectivas nesse sentido.  Decerto, além da questão da regulação comercial, existem ainda vários outros flancos abertos. Na área das reservas internacionais, por exemplo. Uma proposta franco-alemã estabelece regras para essa poupança externa.

 

O Brasil, que acaba de alcançar um colchão de reservas da ordem de US$ 300 bilhões, não aceita a imposição de limites que freiem a entrada de capital externo por aqui e que comprometam o tamanho de suas divisas. Se o Brasil não quer, dizem os especialistas, não vai existir. É que seu voto possui, a cada dia, mais importância nesse tabuleiro.