A diplomacia maneirosa, de cordialidade extrema e posicionamento vacilante, que reina por essas paragens está entrando novamente em ação. Alvo de protecionismo escancarado dos argentinos, o Brasil decidiu ajudar mais uma vez “los hermanos” usando o BNDES para incentivar a economia do país vizinho. Vai conceder empréstimos e financiar as exportações de bens e serviços como forma de revitalizar as debilitadas finanças daquele parceiro. O socorro segue como gesto de boa vontade mesmo diante da ameaça crescente de expropriações e prejuízos constantes que produtores nacionais estão tendo com o desembaraço arrastado de suas mercadorias na fronteira. 

 

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Um desatino! Em seu histórico de relações internacionais, o Brasil tem dado seguidas demonstrações de leniência para com nações que não merecem tamanha generosidade. Nesse mundo de aliados duvidosos, qualquer um pode cometer as maiores aberrações de mercado e, mesmo assim, receber a aprovação ou compreensão de nossas autoridades. Foi assim com a Síria, quando o Brasil ficou contra as sanções da ONU ao regime de Bashar al-Assad. Ou no caso do Irã, cujo ditador de mísseis intercontinentais, Mahmoud Ahmadinejad, flertou politicamente com o ex-presidente Lula. Aconteceu de novo em Cuba, onde Dilma esteve em viagem oficial e mostrou-se condescendente com a situação de presos políticos locais. 

 

E, para ficar em exemplos na região latina, essa diplomacia claudicante também beneficiou aliados como Chávez, da Venezuela; Correa, do Equador; e mesmo Evo Morales, da Bolívia, que tomou à força uma refinaria de petróleo da Petrobras sem nenhum protesto à altura da rapinagem. Com a Argentina de Cristina Kirchner, o céu é o limite tratando-se de benevolência brasileira. Está previsto até o repasse direto de dinheiro a empresas daquele país. No BNDES, a Argentina já figura na liderança do ranking de economias mais atendidas pelo banco, tendo captado ali, somente no ano passado, mais de US$ 3 bilhões. Outro plano em gestação é um volume de compras pela indústria nacional da ordem de US$ 6 bilhões anuais nos próximos cinco anos. É ou não ajuda de pai para filho?