11/02/2009 - 8:00
OS ITALIANOS ANDAM INCOmodados com o Brasil. Na semana passada, uma grife feminina espalhou outdoors pelas cidades de Milão, Bolonha e Nápoles, com fotos mostrando modelos estrangeiras sendo revistadas de forma abusiva por policiais do Rio de Janeiro. Seria apenas uma campanha publicitária de mau gosto, não fosse o contexto das relações bilaterais, que anda amargo desde a decisão do governo brasileiro de não extraditar o ex-terrorista Cesare Battisti. O chanceler Franco Frattini convocou o embaixador Michele Valensise para consultas, sinalizando que as relações diplomáticas poderiam estar a um passo do rompimento. Mas, ao que tudo indica, os italianos refletiram um pouco mais. Na terça-feira 3, Valensise retornou ao Brasil e o próprio chanceler amenizou a questão. “Não temos intenção de romper relações com o Brasil”, disse Frattini. De fato, um rompimento seria uma insanidade. A corrente de comércio entre Brasil e Itália atingiu US$ 9,3 bilhões no ano passado, com um pequeno superávit de US$ 153 milhões para o Brasil. A relação vai além. A Fiat recebe 23,5% de seu faturamento global da subsidiária brasileira, dinheiro que tem servido para cobrir buracos causados pela crise internacional. Isso sem contar no interesse dos italianos pelo projeto do trem-bala brasileiro. “Não há possibilidade de rompimento”, diz o embaixador Rubens Ricupero. “Bravatas sempre existiram na diplomacia e continuarão existindo. Mas é o dinheiro que conta nessas horas.” Com a ascensão brasileira na comunidade internacional, alguns ministros italianos chegaram até a aventar a hipótese de o Brasil não ser convidado para a próxima cúpula do G8, grupo no qual Itália exerce a presidência temporária. “Essa questão está fora da agenda”, desmentiu Frattini. “O Brasil será convidado.”
