06/05/2014 - 15:42
Wendy Jones, do eBay, passou os últimos meses estudando o Brasil
Apesar de estar oficialmente no Brasil desde setembro, quando lançou um aplicativo de moda, o eBay formalizou sua entrada no mercado brasileiro nesta terça-feira 6, quando seu site em português entrou oficialmente ao ar. O endereço eletrônico trará as ofertas em português e os preços convertidos em real.
A vitrine virtual é uma das últimas gigantes do comércio eletrônico a entrar no País. A Rakuten, forte no Japão, e o AliBaba, gigante chinês, já atuavam no mercado brasileiro – além do latino Mercado Livre. “O Brasil foi listado como foco para a nossa empresa”, afirma Wendy Jones, vice-presidente de expansão global do eBay. “Precisamos crescer aqui.”
Segundo a executiva, a plataforma de comércio eletrônico usou os últimos meses como laboratório para adequar seu site aos consumidores nacionais. Além disso, o eBay incluiu o Brasil em seu sistema de entrega com prazos diferenciados, mediante pagamento extra. “A principal questão do País é a logística”, diz Jones.
Confira entrevista com a executiva do eBay:
Como será a chegada do eBay no Brasil?
Teremos um site totalmente traduzido, com valores convertidos em reais e uma experiência diferenciada. Vamos focar em moda e tecnologia. Estamos muito animados com nossos aplicativos móveis e ontem (5 de maio) incluímos o Brasil no nosso programa de transporte. Ele mostra o item e os preços para prazos menores.
Quanto o eBay espera crescer no País com esse movimento?
Não temos números específicos. Mas estávamos aprendendo sobre o Brasil no ano passado, fazendo experiências. Neste período, conquistamos 500 mil novos clientes. Para uma plataforma que não estava moldada para o mercado, é um número de respeito. Hoje temos 1 milhão de clientes do eBay no País e estamos otimistas.
Os testes foram feitos com um aplicativo. Como ele está se saindo?
O eBay Moda, que foi lançado em setembro, foi crucial para aprendermos sobre o mercado brasileiro. Tivemos 100 mil downloads, número que nos deixou feliz. Temos uma tradição de mobilidade, que vamos aproveitar aqui no Brasil.
E o que o eBay aprendeu?
Muito sobre o que o cliente está esperando. O Brasil é um mercado maduro e os clientes não esperam nada menos que qualidade. Tivemos um avanço grande na língua e na busca. Temos 250 milhões de itens e essas duas coisas precisam ter um sistema muito eficaz para que os produtos certos apareçam para os consumidores.
Quais as maiores dificuldades que encontraram?
Certamente logística e por isso trouxemos ferramentas como a nossa plataforma de entrega. Os Correios também estão fazendo um trabalho para aperfeiçoar a importação de produtos.
Como será a campanha publicitária para divulgar essa chegada?
Vamos lançar em 15 de maio uma campanha publicitária online. Vamos usar bastante o Paypal, que é muito forte no Brasil. Teremos a possibilidade de contar nossa história para os clientes.
Como vê a competição no mercado brasileiro?
Temos grandes adversários em todos os mercados que estamos. O Brasil é muito forte e não seria diferente. Mas eu tenho certeza que o mercado terá mais de um vencedor, e nós seremos um deles. Para nos diferenciar, vamos trabalhar pontos como os prazos de importação e apostamos na força do nosso portfólio de vendedores.
Quão importante é estar entre os vencedores aqui no Brasil?
Muito importante. É um mercado grande e que está crescendo. Minha área é responsável por traçar quais serão os mercados de foco da empresa fora dos Estados Unidos e Brasil e Rússia são nossos principais focos agora.
Por que Rússia e Brasil?
Nós já temos uma presença forte em diversos países mais evoluídos. Já somos fortes no Reino Unido, Canadá, Alemanha, mas em mercados emergentes ainda precisamos crescer. Nós vimos que era crucial sermos mais fortes nesses países e estamos focados neles neste momento.
Os vendedores brasileiros terão espaço no eBay?
Qualquer pessoa que passe pelas qualificações pode vender no eBay. A questão é que a nossa ferramenta tem algumas restrições e não é muito amigável hoje para os vendedores brasileiros. Temos planos para eles no futuro. E quando estivermos prontos teremos novidades.
Crescimento orgânico é a única maneira que vocês pensam para o País?
É difícil fazer previsões. Temos uma postura aberta e entramos no Brasil para ficar, pensando no longo prazo. Pensaremos a forma de aumentar nossa presença aqui com o tempo.
Hoje vocês têm uma série de competidores na esfera global?
É um mercado com muito potencial e isso justifica nossa competição. Mas temos os nossos diferenciais. Nenhum dos competidores apresenta o mesmo nível de oferta que nós temos, somos líderes em mobilidade e, mais importante, temos o Paypal. O Paypal é a maior ferramenta de pagamento mundial. No Brasil, por exemplo, é a única maneira de pagar globalmente, sem restrições. Vamos entrar forte nessa luta.
Vitrines virtuais estão procurando novas formas de chegar aos clientes. A Rakuten comprou o Viber, por exemplo. Como o eBay vê esse movimento e quais os planos da empresa?
Essa competição acirrada é que incentiva esse tipo de inovação. Nós temos uma estratégia social muito forte que está dando bastante resultado. Temos uma plataforma separada de ofertas, que também estará no Brasil. Fizemos um teste com ela recentemente, vendendo Playstation 4 com preços dos EUA, tivemos uma recepção positiva.
Quão mais barato será o eBay no Brasil e essas ofertas?
Tudo depende. O preço é mais barato por natureza, pois é o mesmo ofertado nos Estados Unidos. Mesmo com as taxas, frete, existe uma vantagem.