22/10/2021 - 10:51
Estudo produzido por mais de 100 pesquisadores e coordenado no Brasil mostra que o país exportou mais que o dobro de linhagens do coronavírus do que importou de outros países.
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O estudo publicado na revista Medrxiv, e que ainda precisa ser revisado por outros especialistas, estudou 3866 genomas coletados até 30 de junho nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal e conseguiu fazer um mapa com a dinâmica de introdução do vírus no Brasil.
O país também foi central para a proliferação da variante gama do vírus pela América do Sul e outros continentes. O estudo reforçou que mais de 78% dos genomas depositados no Paraguai eram de origem do Brasil.
A pesquisa reforça que o vírus chegou ao país provavelmente vindo da Europa, mas que depois da sua chegada, o Brasil se tornou polo mundial de mutações novas e foi responsável por mais de 316 eventos de exportação da variante gama e 32 da variante zeta, 136% a mais do que o número de importações.
“Conforme a epidemia progredia, a ausência de medidas de restrição efetivas levou ao surgimento local e disseminação internacional das variantes de preocupação (VOC) e de interesse (VOI), incluindo as gamma (P.1) e zeta (P.2)”, afirma o estudo.
Em entrevista ao UOL, a vice-diretora do centro de desenvolvimento científico do Instituto Butantan afirmou que grande parte dessas cepas exportadas daqui do Brasil começou depois da primeira onda da doença.
“E a nossa exportação ocorreu após a primeira onda, quando as restrições e barreiras foram afrouxadas e pessoas vieram e voltaram para os seus países de origem, ou brasileiros levaram para fora. A gente estava com uma segunda onda tão alta que nos transformou num dos maiores exportadores”, disse.
Mesmo com o avanço da vacinação no país, especialistas ainda veem riscos para a população com o fim das restrições e afrouxamento do uso das máscaras e reforçam que a pesquisa científica em torno do vírus deve continuar.
“Uma vez que a campanha de vacinação representa o início de uma ‘nova normalidade’, a intervenção farmacêutica e não farmacêutica deve ser suficientemente forte para evitar a evolução contínua da SARS-CoV-2 que pode anular o impacto da vacinação”, afirmam os cientistas.