03/11/2025 - 11:17
O Brasil tem condições de assumir papel de protagonismo na economia digital global, desde que saiba enfrentar a concentração de poder das grandes plataformas tecnológicas e adote políticas que estimulem a concorrência e a inovação. A avaliação é do economista norte-americano Paul Romer, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2018, que participou do CNC Global Voices 2025, evento promovido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em São Paulo.
Para Romer, o país reúne condições que podem transformá-lo em um protagonista no cenário global. “O Brasil ainda pode manter o controle sobre o seu futuro digital. Vocês têm talento, diversidade e uma tradição científica que podem inspirar o mundo. Mas precisam de um governo capaz de dizer ‘não’ quando os riscos são altos”, afirmou.
Conhecido por seus estudos sobre inovação e crescimento endógeno, o Nobel ressaltou que a regulação equilibrada é essencial para evitar a concentração de poder nas grandes plataformas tecnológicas e garantir que os avanços beneficiem toda a sociedade. Segundo ele, o desafio não é apenas adotar novas ferramentas digitais, mas construir um ambiente que estimule a competição e amplie as oportunidades de desenvolvimento.
Romer defendeu o investimento em identificação digital, citando o modelo indiano Aadhaar, o maior sistema de identificação biométrica do mundo, que ampliou o acesso de milhões de pessoas ao sistema financeiro e serviços públicos. Outro ponto enfatizado pelo economista foi o apoio à ciência e ao software de código aberto, considerados instrumentos essenciais para que tecnologias como a inteligência artificial sejam tratadas como bens públicos: acessíveis e transparentes.
O Nobel também destacou o papel da forma de transmitir conhecimento: a escrita, a imprensa, a matemática e, agora, o código, como ferramentas que ampliam a capacidade humana de compartilhar ideias e gerar crescimento econômico. Em contrapartida, alertou que a atual era digital exige uma nova ética global das ideias, baseada na cooperação científica e na responsabilidade social, mais do que na competição por lucro.
“A inovação só cumpre sua função quando é usada para o bem comum. O Brasil pode liderar esse novo paradigma se unir o espírito empreendedor à responsabilidade pública”, concluiu Romer, na conferência que abriu oficialmente o CNC Global Voices 2025, promovido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com apoio do Sesc e do Senac.
A participação de Romer reforçou o papel da CNC como articuladora de debates estratégicos sobre o futuro da economia e da inovação no Brasil. Ao promover o Global Voices 2025, a entidade consolida seu compromisso com o fortalecimento da livre iniciativa, da sustentabilidade e da cooperação internacional, princípios que orientam sua atuação há mais de sete décadas.
