O primeiro leilão do governo exclusivo para contratação de energia de pequenas e médias hidrelétricas terminou com a negociação de 815 megawatts (MW) de potência em usinas, o que deverá viabilizar cerca de R$ 5,5 bilhões em investimentos, segundo dados do certame desta sexta-feira disponibilizados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

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Os contratos do leilão tiveram um preço médio de R$ 392,84 por megawatt-hora (MWh), um deságio de 3,16% ante o preço inicial estabelecido.

Na ponta compradora, a principal distribuidora a adquirir energia no certame foi a Amazonas Energia, que deverá ter seu controle assumido pela Âmbar, do grupo J&F. Também compraram energia no leilão distribuidoras da Neoenergia (Celpe, Coelba e Cosern), Enel (Eletropaulo e Coelce), Energisa (Paraíba e Tocantins) e Light. Veja os montantes no gráfico:

CompradorMontante
MWm
Negociado
(%)
AMAZONAS ENERG148,57838,64192496
CELPE25,096,525285481
COELBA87,0322,63458401
COELCE34,3428,931484502
COSERN11,7613,058727569
ELETROPAULO30,6577,973083197
ENERGISA PB7,8412,039151713
ENERGISA TO7,8412,039151713
LIGHT31,3628,156606852

O leilão foi aberto à disputa de usinas de pequeno a médio porte, as chamadas centrais geradoras (CGHs), pequenas centrais (PCHs) e hidrelétricas (UHEs) até 50 MW de capacidade instalada.

Foram vencedores 65 projetos da fonte hídrica, principalmente nos submercados do Sul e Sudeste/Centro-Oeste, além de dois no Nordeste. Esses empreendimentos, contratados por 20 anos, deverão iniciar o suprimento de energia em janeiro de 2030. Veja no gráfico:

ProprietárioEmpreendimentoUF
AGATHONSão SalvadorPR
AGUAS DE OUROÁguas de OuroSC
AMYArrozeira MeyerSC
APARECIDAAparecidaSC
ATENTucano M1GO
ATRÁGUA TREMIDAPR
CARATUVACaratuvaPR
CBBARREIROSSC
CBACBacuriMT
CBSEEspraiadoSC
CCACHCachimboMT
CELESC GERACAVEIRASSC
CGH KARAMKARAMSC
CGHMORROAGUDOMORRO AGUDOSC
CGHPINHEIRALPINHEIRALSC
CITAEBugresRS
CMATMatrinchãMT
CMRCEng Érico Bitencourt de FreitasGO
CRERALFOZ DO PRATARS
CRICIÚMACriciúmaSC
CSBSão BentoGO
EMAEEdgard de SouzaSP
FGVFREI GALVÃOES
FLTDAForquilha IIRS
FORTALEZAFORTALEZA SCSC
GAMBAGAMBA GENSC
GENEROSOGENEROSOPR
GESLSanta LuziaBA
IBICAREIbicaréSC
INDAIAIndaiáMS
ITAGUAGÉITAGUAJÉPR
ITRItararéSC
KLN1Pucon 2MT
LDCLOMBO DO CAVALOSC
LXGLIXIGUANARS
MUTUMMUTUM IMT
NOVA ERECHIMNova ErechimSC
OTACILIOOtacilio LucionMT
PCHFAZENDA VELHA VTHRS
PCH ELETRO-IVOSão Paulo do Pimenta BuenoRO
PCH GUARANIGUARANISC
PCH MALACARAMalacaraSC
PCH NOVA TRENTONova TrentoSC
PCH PASSO MANSOPASSO MANSOSC
PCH PIRAPiraSC
PCHCANTU1Cantu 1PR
PCHRBRibeirão BonitoPR
PCHVLEVALE DO LEITERS
PIRATUBAPIRATUBASC
RIO VERMELHORABO DO MACACOSC
RIOVENTOPonenteGO
RIOVENTO – VTGDVolta GrandeMG
RMEJamboRJ
RNASFundãozinhoMS
SACórrego FundoPR
SALSaltinhoRS
SANTO CRISTOSanto CristoSC
THESNova GeraçãoPR
TITOTitoPR
TRINDADE BAIXO JUSANTrindade Baixo JusantePR
URSULETAURSULETASC
URUURUPEMASC
USINA UNIÃOAMARAJIPE
VLTDASÃO JOAQUIM SCSC
XAVXAVIERRJ

Fortalecimento das hidrelétricas

O certame exclusivo para as usinas de pequeno e médio porte segue uma política pública do governo de incentivar mais projetos da fonte hidrelétrica no país.

Nesta semana, antes da realização do leilão, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já havia comemorado publicamente o que chamou de “retomada” da indústria hidrelétrica no país, projetando R$ 10 bilhões em investimentos.

A licitação havia sido originalmente pensada para cumprir com um dispositivo da lei de privatização da Eletrobras, que estabelecia uma reserva de mercado para as PCHs em leilões para compra de energia pelas distribuidoras.

Mas outra medida provisória editada pelo governo neste ano mudou os termos dessa contratação, estabelecendo outro benefício para a fonte, com contratação obrigatória de 3 gigawatts (GW) em certames de hidrelétricas.