18/11/2021 - 21:34
O desmatamento na Amazônia brasileira aumentou quase 22% entre agosto de 2020 e julho de 2021, marcando um recorde nos últimos 15 anos, segundo dados oficiais, uma tendência que o governo de Jair Bolsonaro promete reverter com ações mais “contundentes”.
O desmatamento na maior floresta tropical do planeta totalizou 13.235 km2 no período 2020-2021, o maior valor desde 2005-2006 (14.286 km2), segundo registros do sistema de monitoramento Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
É o terceiro aumento anual durante o governo de Jair Bolsonaro, em um momento em que ele tenta rebater as críticas internacionais que o responsabilizam por promover este aumento com políticas que fragilizaram a fiscalização no bioma e seu discurso favorável a atividades extrativistas em áreas protegidas.
Os números representam “um desafio para nós e teremos que ser mais contundentes em relação a estes crimes. E com certeza seremos, ampliaremos a atuação” na região, admitiu o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, durante coletiva de imprensa em Brasília logo após a divulgação do documento.
Leite afirmou, no entanto, que a alta dos números “não reflete exatamente a atuação dos últimos meses”.
O governo garante ter intensificado suas ações para combater o desmatamento ilegal com uma presença maior de efetivos em campo nos últimos 90 dias, concentrado nos 23 municípios com maior incidência de crimes ambientais.
O desmatamento é particularmente atribuído a atividades ilegais de mineração e pecuária.
“A essas pessoas que ainda insistem nesses crimes ambientais, o estado brasileiro vai subir com força total para a Amazônia”, garantiu o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.
Bolsonaro assumiu o poder em janeiro de 2019 com um forte discurso antiambientalista e é acusado por ONGs, por movimentos indígenas e opositores de debilitar os mecanismos de controle ambiental.
Entre agosto de 2018 e julho de 2019, a área desmatada na Amazônia foi de 10.129 km2, um aumento de 34% em relação ao período anterior, segundo dados do sistema PRODES.
No período seguinte (2019-2020), foram perdidos 10.851 km2, um aumento de 7%, apesar da mobilização de custosas operações militares na floresta para controlar as atividades ilícitas durante os períodos mais intensos de desmatamento e incêndios na Amazônia.
– Cumprir as metas da COP26 –
“O resultado é fruto de um esforço persistente, planejado e contínuo de destruição das políticas de proteção ambiental no regime de Jair Bolsonaro”, comentou em um comunicado Marcio Astrini, secretário-executivo da rede Observatório do Clima, que reúne as principais ONGs e institutos ambientalistas que atuam no Brasil, incluindo Greenpeace e WWF.
O Observatório acusou o governo de ocultar os dados até depois da COP26, visto que o documento divulgado nesta quinta-feira pelo Inpe, órgão vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, é datado em “27 de outubro de 2021”.
Segundo a rede, o governo já tinha em mãos o dado do Inpe antes da conferência do clima e o “escondeu deliberadamente”, o que o governo nega.
“O que eu tenho de informação é que foi divulgado hoje”, garantiu Leite.
Entre as metas anunciadas na última conferência da ONU sobre mudanças climáticas em Glasgow, na Escócia, o Brasil antecipou em dois anos, de 2030 a 2028, o limite para eliminar o desmatamento ilegal em seu território, que abriga 60% da floresta amazônica.
“Iremos com certeza ser mais contundentes para reverter esses números e cumprir a meta que foi anunciada durante a conferência do clima”, concluiu Leite.