07/05/2025 - 15:34
A balança comercial brasileira registrou em abril de 2025 um superávit 3,3% inferior ao alcançado no mesmo período, com saldo positivo de US$8,153 bilhões. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) nesta quarta-feira, 7.
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O resultado foi motivado por importações de US$22,256 bilhões, valor 1,6% superior aos US$ 21,9 bilhões registrados em 2025; e de exportações 0,4% maiores, de US$ 30,41 bilhões, contra US$ 30,33 bilhões em 2024.
O dado de valor acumulado de importações e exportações sofreu impacto das variações de preços dos produtos. Ao observar apenas o volume, as exportações recuaram 0,5%, enquanto as importações cresceram 4,4 %.
O resultado ficou um pouco aquém das estimativas calculadas por economistas consultados pela agência Reuters, de US$8,296 bilhões para o mês, e pela Projeções Broadcast, que apontava superávit comercial de US$ 8,3 bilhões.
No acumulado de 2025, o saldo acumulado entre janeiro a abril foi de US$17,729 bilhões, valor 34,2% menor que o observado no mesmo período de 2024.
Ainda assim, o diretor do Departamento de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC, Herlon Alves Brandão, afirma que o órgão espera um crescimento das exportações neste ano em relação ao anterior.
Impactos tarifários na balança comercial
Brandão afirmou que é difícil precisar se já há um impacto direto da guerra tarifária iniciada por Donald Trump nos volumes exportados e importados pelo Brasil. “Você pode observar as correlações, mas para você confirmar causalidade é necessário um estudo mais aprofundado”, disse.
Em abril, as exportações para os Estados Unidos avançaram 21,9%, um aumento de US$ 0,6 bilhões. O volume também apresentou crescimento, de 17,5%.
O diretor do MDIC destaca que dados dos EUA em março mostram que importadores estadunidenses ampliaram suas importações, em uma tentativa de antecipar impactos das tarifas de Donald Trump. “Observamos sim um aumento de exportação aos Estados Unidos em abril que pode estar relacionado a política comercial deles”, disse.
Apesar do crescimento total, recuaram as exportações de produtos semi-acabados de ferro e aço (22,5%) e de alumínio (73%), produtos cujas importações pelos Estados Unidos já contavam com taxas vigentes em abril.
Os principais produtos exportados para os Estados Unidos foram óleos brutos de petróleo, café não torrado, aeronaves e outros equipamentos, produtos semi acabados e carne bovina.
Importações
No cenário das importações, o crescimento apresenta possíveis impactos da atividade econômica brasileira em crescimento. “Está relacionado a demanda brasileira de bens importados, insumos como carvão mineral, combustível”, diz Brandão.
Um impacto porém parece ter aparecido das novas parcerias entre o Brasil e o Vietnã. “Entrou um volume de café com origem do Vietnã, que historicamente não é competitivo no Brasil. Com a queda do imposto e o aumento do preço [do café] no Brasil, ele pode ter se tornado competitivo”, explica o técnico do Mdic.