Quase 1.000 quilômetros quadrados da Amazônia brasileira foram perdidos em outubro, o pior dado para este mês desde que há registros disponíveis, em 2015, segundo dados oficiais divulgados nesta sexta-feira (11), a menos de dois meses do fim do mandato do presidente Jair Bolsonaro.

A área desmatada, de 904 km2, no mês passado na maior floresta tropical do planeta é 3% maior que a de outubro de 2021, antigo recorde para o mês, segundo dados do sistema de vigilância por satélite DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

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A ONG WWF-Brasil alertou que, junto com o aumento do desmatamento, o número de queimadas “aumentou” após as eleições presidenciais.

“O aumento dos alertas de desmatamento e queimadas era esperado – ainda assim, os números dos primeiros 10 dias de novembro são assustadores mostra claramente uma corrida desenfreada pela devastação em alguns estados”, disse a ONG em nota.

Durante o governo de Bolsonaro, um negacionista das mudanças climáticas, o desmatamento médio anual na Amazônia brasileira – causado principalmente pela derrubada de árvores para expansão da área de pastagem de gado e da fronteira agrícola, segundo especialistas – aumentou 75% em relação à década anterior.

A Amazônia brasileira corresponde a 59% do território brasileiro, distribuída em nove estados. Mais da metade da área destruída estava concentrada no estado do Pará (norte), com 435 km2 derrubados.

O desmatamento acumulado entre 1º de janeiro e 31 de outubro deste ano representa o maior valor da série histórica do sistema DETER, apontou o WWF-Brasil, com a destruição de 9.494 km2.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva prometeu “uma Amazônia viva”, reativando políticas de proteção da floresta e combate ao desmatamento, diferenciando-se do presidente de extrema-direita.

“O novo governo terá muito trabalho para recolocar o país nos trilhos, para acabar com essa percepção de que a Amazônia é uma terra sem lei”, disse Raul do Valle, especialista em políticas públicas da ONG WWF-Brasil em comunicado.

Lula viajará ao Egito na próxima segunda-feira, convidado pelo presidente deste país, Abdel Fatah al Sisi, para participar da conferência do clima COP27, sua prévia internacional antes de assumir o cargo em 1º de janeiro de 2023.

O governo de esquerda pretende recuperar o prestígio internacional com uma agenda voltada para a proteção ambiental.