Parceria com o Fraunhofer mira pesquisa em hidrogênio de baixo carbono, atualmente em processo de regulação no Congresso.O Brasil vai se aliar a uma das mais renomadas entidades de pesquisa aplicada da Alemanha, o Instituto Fraunhofer, na pesquisa em hidrogênio de baixo carbono.

O termo da parceria foi assinado nesta sexta-feira (21/06) em Berlim, mas as conversas ainda estão em estágio embrionário, de modo que ainda não há definição sobre se da parceria resultará um centro em um local específico ou uma rede integrada, com diferentes polos de pesquisa espalhados pelo Brasil.

A informação foi dada pelo secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, que esteve na capital alemã para conversas sobre transição energética e descarbonização da economia brasileira com representantes da indústria e de dois ministérios alemães: o da Economia e Proteção do Clima e o da Cooperação para o Desenvolvimento.

A Alemanha tem a meta de atingir a neutralidade climática até 2045 e precisa, para isso, reduzir drasticamente suas emissões. A guerra da Rússia na Ucrânia deu nova urgência a essa demanda, já que a matriz energética do país era, até então, muito dependente do gás russo.

O que é o hidrogênio de baixo carbono

Festejado por entusiastas como o “petróleo do futuro”, o hidrogênio é um combustível produzido de diferentes formas e que, ao ser usado, não gera emissão de carbono. Ele também serve de matéria-prima para produtos em outros setores, como na indústria de aço, metais e fertilizantes, ou como fonte de energia.

Esse gás extremamente volátil é obtido a partir da separação de outros elementos químicos. Nesse processo atualmente se emprega sobretudo combustíveis fósseis, gerando emissões de carbono ao longo da cadeia produtiva. Porém, se a produção usa apenas fontes limpas de energia, como eólica e solar, o hidrogênio se torna climaticamente neutro, ajudando a reduzir as emissões em diversos setores da economia – daí o nome “hidrogênio verde”.

Já o hidrogênio de baixo carbono é uma terminologia adotada no marco legal sobre o tema que tramita atualmente no Congresso, e que engloba tanto o hidrogênio verde quanto o produzido por meios poluentes, mas cujas emissões sejam de até quatro quilos de dióxido de carbono equivalente por quilograma de hidrogênio produzido (4 kgCO2eq/kgH2).

Descarbonização como oportunidade de desenvolvimento tecnológico

A parceria com o Fraunhofer se dá no contexto do Plano de Transformação Ecológica (PTE), uma estratégia da Fazenda que, segundo Dubeux, mira não apenas na descarbonização da economia, mas também no desenvolvimento tecnológico do setor produtivo, com geração de empregos locais.

É por isso que, segundo Dubeux, o Brasil não está interessado somente em “importar equipamentos e fazer hidrogênio com energia eólica, solar, que é abundante, e exportar sem nenhuma agregação do valor”.

“A gente não quer entrar num novo ciclo de exportação de commodities”, disse à DW. “A ideia é fazer um adensamento no Brasil. Em vez de exportar, por exemplo, hidrogênio, exportar o aço verde, fertilizante.”