O início da operação de uma nova fábrica, em Nova Lima (MG), vai colocar o Brasil mais perto da autossuficiência na produção de insulina. A unidade da Biomm, que acaba de receber sinal verde da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e um novo aporte de investidores, estima produzir, já neste ano, cerca de 10 milhões de frascos e seringas do biomedicamento. Mas poderá chegar a até 40 milhões, em plena operação. O volume é suficiente para que atenda sozinha a 80% da demanda nacional.

O projeto é estratégico para o país e integra o conjunto de iniciativas do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), que tem o objetivo de retomar a independência nacional na produção de insumos estratégicos para o setor farmacêutico. De acordo com o Atlas do Diabetes, o Brasil tem hoje cerca de 16 milhões de adultos diabéticos, número que deve crescer para cerca de 23 milhões, até 2045, acompanhando a tendência global de alta. Mesmo com a demanda crescente, ainda são poucos os fabricantes no mundo.

Com investimento total de R$ 800 milhões, a fábrica da Biomm vai produzir a insulina glargina. Trata-se de uma variedade do produto produzida usando a técnica de DNA recombinante. Uma de suas características principais é a duração maior que a humana e a aplicação sem horário determinado, uma vez por dia.

Para dar início à operação, a empresa fez um aumento de capital, no total de R$ 271 milhões. A captação de R$ 150 milhões, estruturada e ancorada pelo Banco Master, foi seguida por fundadores e outros investidores que já faziam parte da sociedade, como Lucas Kallas, controlador da Cedro Participações, que investiu mais cerca de R$ 80 milhões para manter em 8% a participação que já tinha na Biomm.

Com este investimento, ampliamos nossa aposta na empresa, no setor, na medicina de ponta e no nosso modelo de geração de valor para sociedade, abrindo caminho para a ampliação do acesso da população a tratamentos mais eficazes e acessíveis”, afirmou o empresário.

Para Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, “o negócio faz sentido não só pela posição estratégica que a empresa terá no mercado farmacêutico brasileiro, se tornando um laboratório ícone em nível mundial para itens de alta complexidade, mas também pela boa possibilidade de geração de valor na companhia nos próximos anos”.

Além da Cedro, do Banco Master e dos fundadores – Walfrido Mares Guia, Marcos Mares Guia, André Emrich e Italo Betane, donos de 24% do capital -, que acompanharam a oferta, a empresa tem ainda como sócios relevantes a gestora de private equity TMG, dona de 8% do negócio, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com 6%, e a XP, com 3%.

A expectativa é de que a nova fábrica comece a operar até abril.

Esclarecimento

Após a publicação deste texto, a assessoria da Biomm procurou nossa reportagem e enviou o esclarecimento abaixo:

A fábrica conseguiu CBPF (Certificado de Boas Práticas de Fabricação) desde junho de 2023, estamos aguardando a aprovação regulatória da Anvisa para fabricação do produto Glargilin na fábrica de Nova Lima e a previsão é de que a liberação ocorra no primeiro semestre deste ano.