Raiva, preocupação e estresse: uma pesquisa da Gallup em parceria com a BBC 100 Women 2022 mostrou que mulheres têm ficado cada vez mais insatisfeitas em comparação aos homens. O levantamento foi realizado em diversos países, mas o número no Brasil é expressivo: 60% das entrevistadas sinalizou que tem sintomas de estresse todos os dias.

Além de impactar na vida pessoal e nas relações sociais, as mulheres podem se ver em maiores dificuldades também no ambiente de trabalho, onde as diferenças em relação aos homens são ainda mais desiguais. Entre as situações, a probabilidade de promoções internas à liderança para os homens foi 52% maior em relação às mulheres, em média, em 2021, conforme mostrou levantamento do LinkedIn. 

+ Saiba por que encontrar emprego fica difícil antes do carnaval

“Se há atitudes no ambiente de trabalho que se tornam tóxicas e provocam esses sentimentos, é preciso que a empresa faça autoanálise, com pesquisas recorrentes de clima interno para ver como isso vem ocorrendo”, defende Lisiane Lemos, gerente de Recursos Humanos e co-fundadora do Conselheira 101, programa que estimula mulheres negras no mercado de trabalho.

No Brasil, o levantamento da Gallup, segundo a BBC, foi feito com mais de 1 mil mulheres acima dos 18 anos de idade. Entre fatores a respeito da irritabilidade, Lisiane defende que a raiva e o estresse podem não ser apenas fatores negativos. 

“Há um uso melhor dos dados para entender a percepção das mulheres; há uma tendência desse público a nomear sentimentos e dar atenção para a saúde mental. Conseguimos nos permitir ter raiva, já que mulheres são colocadas nesse lugar de submissão e obediência, onde a raiva não é permitida”, endossa a gerente de RH.

A pedido da IstoÉ Dinheiro, a cofundadora do Conselheira 101 enumerou dicas para mulheres que estão em processo de colocação no mercado de trabalho:

  1. Se for uma empresa de capital aberto, visite além do site, a página de relações com investidores. Você vai ter algumas informações estratégicas adicionais;
  2. Pergunte quais pessoas estarão no seu painel para ‘stalkear’ elas no LinkedIn;
  3. Treine a entrevista sozinha, principalmente se for em outro idioma;
  4. Dedique tempo a ler portais de notícias pelo menos uma vez ao dia para ampliar seu repertório.

Aumento no empreendedorismo

O período da pandemia causada pela Covid-19 também trouxe outros cenários: ambientes de trabalho desiguais e a crise econômica enfrentada no país fizeram com que as mulheres no Brasil empreendessem mais que os homens durante a pandemia. 

De acordo com dados do LinkedIn, publicados no Global Gender Gap Report 2022 do Fórum Econômico Mundial, a participação de mulheres no empreendedorismo cresceu globalmente durante a pandemia. No Brasil, a porcentagem aumentou para 41% para elas, em comparação com 22% para os homens em 2020, em relação a 2019.