O mercado brasileiro de seguros está voando baixo. No primeiro trimestre deste ano, a demanda por apólices de proteção de patrimônio, sem considerar o segmento de Saúde Suplementar (planos médicos), cresceu 13,7%, arrecadando pela primeira vez R$ 103 bilhões, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Foi a primeira vez que a marca dos R$ 100 bilhões foi ultrapassada em apenas três meses.

Apenas em março, esse montante foi de R$ 34,7 bilhões, 7,3% a mais que no mesmo mês de 2023.
Em paralelo, até março de 2024, excluindo a Saúde Suplementar, o setor de seguros pagou, mais de R$ 56,9 bilhões em indenizações, benefícios, resgates e sorteios, volume 5% inferior ao do mesmo período do ano passado.
A queda ocorreu, principalmente, pela redução de R$ 3 bilhões no volume de resgates dos planos de Previdência Aberta da Família VGBL, redução de 9,9%.

De acordo com o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, o desempenho dos planos de Previdência Aberta no período pode ser resultado da influência de fatores como o aumento da preocupação com o futuro, particularmente com a aposentadoria, o envelhecimento e a necessidade de mais recursos por mais tempo. O executivo destaca que a redução no volume de resgates também pode ser atribuída a um maior dinamismo da renda familiar e das condições do mercado de trabalho.

14%
Foi o avanço na demanda por apólices de seguro no primeiro trimestre

7,3%
Foi o aumento da demanda por apólices em maio, na comparação anual

Um dos destaques do período foi o Seguro Habitacional. O produto é contratado obrigatoriamente em financiamentos imobiliários e serve como uma garantia fundamental para as operações de financiamento imobiliário, seja para aquisição ou para a construção de imóvel residencial. Este ramo avançou 10,7% no acumulado de janeiro a março de 2024, totalizando mais de R$ 1,7 bilhão em arrecadação. O setor ganhou visibilidade após a tragédia no Rio Grande do Sul. “Temos um papel fundamental. Não há risco de nenhuma seguradora enfrentar problemas em relação a isso [indenização aos gaúchos].”

Pela ótica das indenizações, o produto retornou aos segurados R$ 412,5 milhões, 11,4% a mais que no primeiro trimestre de 2023.
Para o segmento, inclusive, o mês de março teve o melhor desempenho nominal da série histórica (iniciada em 2007) em arrecadação, com R$ 573,3 milhões (+10,2%).
No terceiro mês do ano, as seguradoras que comercializam o produto também constataram alta de 5,1% no pagamento de indenizações, aproximando-se de R$ 137,6 milhões.

Enchentes e perdas no Rio Grande do Sul vão exigir mais disponibilidade financeira das seguradoras (Crédito:Jefferson Bernardes)

O Habitacional, segundo o presidente da CNseg, garante, no mínimo, a quitação do saldo devedor do imóvel financiado, em decorrência dos riscos de morte e invalidez permanente do segurado e, caso ocorram danos físicos, a reconstrução do imóvel financiado. “Dessa forma, ele protege financeiramente todas as partes envolvidas, tanto o comprador do imóvel quanto a instituição financeira.”

Hoje, o Seguro Habitacional contempla duas modalidades.
O Seguro Habitacional em Apólices de Mercado garante a quitação do saldo devedor do imóvel financiado em caso de morte e invalidez permanente do segurado (MIP).
E o Seguro Habitacional em Apólices de Mercado — Demais Coberturas, que se refere a coberturas dos riscos de Danos Físicos ao Imóvel (DFI) e outras coberturas que sejam contratadas adicionalmente. “Como incêndio, raio, explosão, vendaval, destelhamento, inundação ou alagamento”, explicou Oliveira. Neste caso, detalha o executivo, a indenização paga pela seguradora deverá ser suficiente para a reposição do imóvel em estado equivalente ao que se encontrava antes da ocorrência do dano.