22/06/2025 - 13:00
Segundo o Vice-Presidente Sênior da BYD no Brasil, Alexandre Baldy, o brasileiro ainda não comprou tanto a ideia do carro elétrico por conta da ausência de políticas públicas que incentivem uma renovação da frota nacional.
+Quase um terço do iPhone é feito pela BYD, diz chefe da gigante chinesa no Brasil
A tese é de que o brasileiro, no médio e longo prazo, deve considerar vantajosa a vantagem de custos com do carro elétrico, mas que no momento atual é necessário um incentivo direto do governo. Como exemplo, Alexandre Baldy cita o caso de Brasília, que implementou incentivos fiscais.
“[O Brasil não tem tanto carro elétrico] certamente porque não há política pública, seja nas esferas municipais, com 5.570 municípios, seja estaduais, com 27 unidades federativas. São raros os casos em que a política pública é de fato criada para poder a eletrificação de frota e, é claro, a sustentabilidade e a redução da emissão de poluentes”, avalia.
“Veja o caso de Brasília. O governador Ibaneis [Rocha] implantou uma política pública para isenção de IPVA para carro híbrido e carro elétrico. Hoje, o volume de emissão de poluentes de Brasília reduziu drasticamente. O volume de redução de utilização de combustíveis fósseis reduziu drasticamente”, completa o chefe da BYD.
A isenção de impostos para carros elétricos é uma iniciativa em vários países, como na Noruega, onde cerca de 90% dos novos carros vendidos são elétricos e já existem mais modelos elétricos do que a combustão. O governo do país implementou isenção de imposto na compra, taxas reduzidas ou isenção em pedágio e nenhuma cobrança de imposto anual de circulação.
Sobre Brasília, todavia, a qualidade do ar apresentou uma deterioração relevante nos últimos anos.
O Índice de Qualidade do Ar (AQI) foi de 9 em 2022 para 16 em 2023 e então 22 no ano de 2024. Em 2025, os dados extrapolados até março de 2025 mostram um número de 41, avançando para um patamar que é considerado ‘moderado’, ao passo que nos três anos seguintes a classificação era de ‘bom’.
O AQI é um indicador que, quanto menor, melhor a qualidade do ar. A medição oficial é feita pelo IBRAM (Instituto Brasília Ambiental), órgão oficial do Governo do Distrito Federal (GDF). Há em conjunto uma medição complementar por serviços privados internacionais, como o IQAir e o WAQI.
A medida do governo do Distrito Federal, então, vem no sentido de reduzir os danos registrados nos últimos anos.
A capital federal passou por problemas graves com relação à qualidade do ar em um passado recente. Em agosto de 2024 uma cortina de fumaça vinda de outros estados se concentrou no céu de Brasília.
No mesmo mês, a gestão estadual chegou a ter de suspender aulas em doze centros olímpicos e paralímpicos (COPs) de todo o Distrito Federal por conta das condições climáticas, como baixa umidade do ar.
Contudo, as condições problemáticas não são totalmente atreladas ao que ocorre em solo brasiliense. Os problemas em agosto de 2024, por exemplo, foram atrelados principalmente aos incêndios em estados vizinhos — especialmente São Paulo, além de focos na Amazônia e Pantanal.
De uma forma geral, a piora gradual da qualidade do ar no DF também está atrelada à poluição de estados vizinhos que é carregada pelos ventos até a unidade federativa.
Carro elétrico pesa menos no bolso
Baldy argumenta que, na média, o brasileiro deverá considerar que opções de veículos elétricos são mais vantajosas financeiramente em relação à combustão – o que pode aumentar a quantidade de carros elétricos em circulação ao longo dos próximos anos.
O executivo defende que o gasto com combustível é cinco vezes menor quanto o carro é elétrico.
“Com carro a gasolina, se gasta R$ 12 ou R$ 13 todos os dias para ir ao trabalho. Se você utiliza um carro elétrico você reduz isso para R$ 2 ou R$ 3. Isso é uma diferença que, no orçamento familiar, é muito grande. Quando as pessoas entenderem mais essa diferença no seu uso diário, em termos de custo, eu não tenho dúvida que isso [mercado] vai crescer, sobretudo em carros compactos”, disse.
Segundo o executivo da BYD, o carro elétrico também apresenta uma economia de 90% em termos de manutenção.