Um homem de 38 anos que manifestou sintomas leves de Covid-19 por 20 dias continuou hospedando o vírus por 232 dias, segundo estudo da Plataforma Científica Pasteur-USP. Se o homem não tivesse recebido cuidados médicos contínuos, mantido o distanciamento social e usado uma máscara, ele poderia ter espalhado o vírus ao longo desses sete meses, disseram os pesquisadores.

O caso fez parte de um estudo envolvendo 38 pacientes brasileiros acompanhados semanalmente entre abril e novembro de 2020. Os pacientes foram acompanhados até apresentarem resultado negativo duas ou três vezes consecutivas por RT-qPCR. O estudo foi foi publicado na revista Frontiers in Medicine.

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Ele serve como um alerta sobre o risco de limitar a quarentena para pacientes de Covid-19 a sete, dez ou até 14 dias após o teste positivo, conforme prescrito inicialmente pelos protocolos de combate à doença. Também reforça a importância da vacinação, distanciamento social e uso de máscaras.

“Dos 38 casos que rastreamos, dois homens e uma mulher eram atípicos no sentido de que o vírus foi detectado continuamente em seu organismo por mais de 70 dias. Com base nesse resultado, podemos dizer que cerca de 8% das pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 podem ser capazes de transmitir o vírus por mais de dois meses, sem necessariamente manifestar nenhum sintoma durante a fase final da infecção”, disse Marielton dos Passos Cunha, primeiro autor do artigo.

“Queríamos saber se um período de 14 dias era realmente longo o suficiente para que o vírus deixasse de ser detectável. Concluímos que não. Pode levar um mês para um paciente testar negativo e, em alguns casos incluídos em nosso estudo, os pacientes permaneceram positivos por 71 a 232 dias”, disse Paola Minoprio, uma das coordenadoras da Plataforma e pesquisadora principal do estudo.