Os brasileiros têm, em média, contas abertas em mais de quatro bancos diferentes, no entanto consideram apenas dois como principais. Os dados fazem parte de um novo estudo do Google encomendado aos institutos Quantas e Liga Pesquisa. Vale lembrar que, no ano passado, os consumidores tinham contas abertas em 2,6 bancos diferentes – agora são em 4,3.

O retrato desse mercado, em uma analogia simples, retoma ao momento em que os brasileiros utilizavam vários chips em seus smartphones para conseguir acesso às melhores vantagens na hora de comprar crédito pré-pago. O incentivo à experimentação é explicado também por outros fatores como: isenção de tarifas, Pix, portabilidade e programa de benefícios, entre outross.

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Mercado

  • Há 188 milhões de brasileiros bancarizados (Bacen), número que cresceu em 23 milhões pós período de pandemia e auxílio emergencial;
  • Ecossistema com 1.289 fintechs mapeadas (Distrito);
  • Há 300 milhões de usuários ativos em apps de serviços financeiros no Brasil (Data.ai – App Annie);
  • Mais de 600 milhões de chaves pix cadastradas (Bacen) – lembrando que cada brasileiro pode ter até quatro.

“O grande desafio das instituições financeiras, sejam elas grandes bancos ou nativas digitais, é conquistar o consumidor que já é cliente de outra marca e se tornar o seu banco principal”, afirma Mônica de Carvalho, diretora de negócios do Google Brasil

Mônica de Carvalho, diretora de negócios do Google Brasil – Crédito: Divulgação

Meu banco principal faz?

Os brasileiros consideram um banco como “principal” quando incluem:

  • Frequência de transações (apontada por 77% dos entrevistados);
  • Recebimento de salário (58%);
  • Oferta de crédito (49%);
  • Concentração de investimentos (44%).

O segundo banco de escolha engloba:

  • Frequência de transações (37%);
  • Concentração de investimentos (34%);
  • Oferta de crédito (33%);
  • Recebimento de salário (30%).

Mudar de banco porque?

De acordo com o estudo, mais da metade dos entrevistados (57%) considera trocar de banco principal, sendo que 17% afirmaram que há “muitas chances” de mudarem sua escolha atual. A maior predisposição de alteração aparece nas pessoas de classe A (65%), das regiões Sudeste e Centro-Oeste (59%) e que possuem entre 25 e 34 anos (59%). Entre os motivos:

  • Segundo a análise, o maior incentivo para eleger um banco como principal é a experiência digital;
  • Em segundo lugar está a segurança;
  • O preço das tarifas bancárias, bem como a conveniência.

“Se manter como o banco principal do consumidor exige um trabalho contínuo para convencer o consumidor sobre as vantagens que ele terá ao fazer isso. Os bancos não devem achar que o jogo está ganho, pois a chance de uma troca é grande”, diz Vitor Zenaide, líder de insights para finanças do Google Brasil

Vitor Zenaide, líder de insights para finanças do Google Brasil – Crédito: Divulgação

Grandes bancos x nativos digitais

O estudo diz que os clientes escolhem os grandes bancos pois são “sólidos”, têm “agência física” e permitem “receber salário”. Para os nativos digitais, os argumentos são: “ter aplicativo”, permitir “movimentações pela internet”, “ter tudo num lugar só”, além de oferecer “cartão sem anuidade” e “facilidade para abertura de conta”.

Bancos e classes sociais

Em outro destaque, a pesquisa aponta que os grandes bancos têm mais chances de serem os escolhidos por consumidores das classes A e B, enquanto os digitais se destacam na classe C. Na população da classe D e E, a relação é mais próxima com os bancos tradicionais, em especial a Caixa Econômica Federal, com acesso a benefícios sociais.

Faixa etária e regiões

Os nativos digitais são os favoritos entre os mais jovens (entre 18 e 34 anos) e também entre as pessoas que moram no Norte e Nordeste. Os grandes bancos, por outro lado, aparecem com mais força entre os clientes com idade acima dos 45 anos e entre os consumidores da região Sudeste.

Metodologia

O estudo foi realizado entre abril e maio de 2023 e os institutos entrevistaram 2.500 brasileiros bancarizados (que têm acesso a algum produto financeiro), com uma amostra que inclui todas as classes sociais e regiões do país.